“Crescer” (Orfeu Negro, 2023) é um livro ilustrado onde as palavras são moderadas, parcas, inspiradoras e sentidas, contrastando com as ilustrações intensas, oníricas, emotivas e minuciosas, oferecendo ao leitor muitas leituras. Cada página é marcada por uma mancha branca, onde nasce uma ilustração mágica cheia de cor que prende atenção do leitor, oferecendo-lhe a oportunidade de observar cuidadosamente cada detalhe, descansando do embate de emoções. É um livro para apreciar devagar, e talvez alguns leitores não apreciem as ilustrações num primeiro olhar. É necessário observar, pensar, respirar, parar e voltar a observar.

“Primeiro, eu não estava aqui. Depois, passei a estar, ainda muito sozinha (…) e tornei-me grande. Eu era frágil como um ramo e tornei-me forte como uma árvore (…) Tornei-me exigente. Eu aprendia depressa e ensinei devagar. (…) Fiz-me independente. Eu recebi muito e dei muito, também. (…) Fiz parte de um todo.”
Um álbum poético e uma elegia à vida e aos seus ritmos e transformações: nascimento, crescimento, amadurecimento e morte. Conduzido por uma voz feminina, o leitor vai desbravando e compreendendo a transitoriedade da vida, as suas alegrias e tristezas, a solidão, o amor e desamor, a fragilidade, a curiosidade, a importância de ensinar e aprender, de duvidar e reflectir. Aqui, neste álbum belíssimo, reavemos os valores ecológicos, de cidadania e feministas, para os repensar e com eles dialogar. Um livro para ter por perto.
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Laëtitia Bourget é artista plástica e autora de livros infanto-juvenis. Tem cinco livros publicados com Emmanuelle Houdart.
Emmanuelle Houdart vive e trabalha em Paris. Autora e ilustradora, cria universos gráficos únicos e carregados de simbologia, articulando o fantástico com o natural e o animal. Publicou, desde 1996, dezenas de livros ilustrados para crianças e recebeu, em 2016, o Grande Prémio de Ilustração com o livro “A Minha Mãe”.
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