Quando chegámos ao fim de “Corte de Asas e Ruína”, livro que parecia fechar de forma triunfal e até bastante fofinha a série Corte de Espinhos e Rosas, acreditámos que a coisa iria ficar por ali. Puro engano. O que inicialmente foi pensado por Sarah J. Maas como uma trilogia acabou por ganhar direito a uma expansão, num acrescento que já conheceu já o quarto capítulo – “Corte de Chamas Prateadas” – e, antes disso, “Corte de Gelo e Estrelas” (Marcador, 2023), um conto vendido como o livro 3.1 da série e que liga os acontecimentos de “Corte de Asas e Ruína” ao que virá a seguir.
Por esta altura, Feyre, Rhys e companhia estão ocupados a reconstruir a Corte da Noite, ainda sem conseguir tomar o gosto à paz conquistada após a queda da muralha. O Solstício de Inverno chega assim em boa altura, uma espécie de Natal em Velaris onde se trocam presentes e se faz a festa até horas proibidas.
Não faltam, como é hábito, vários momentos altos: a apresentação da Corte Decepada, habitada pela “escuridão das coisas pútridas, da corrupção. A escuridão sufocante que fazia definhar qualquer vida”; o papel que um agora caído Tamlin poderá ainda desempenhar nas Expansões, pelo facto de o seu território ser “o único que ladeia as terras humanas”; as sombras que marcam o corpo de Azriel, “nascidas numa prisão sem luz e sem ar, destinadas a destruí-lo”; o altruísmo silencioso de Cassian; a sensata e bon vivant Mor; ou, ainda, a recordação de Feyre sobre o que viu no Uróboro: “a besta com escamas, garras e escuridão; ódio, alegria e frieza. Tudo saído de mim. O que estava à espreita sob a minha pele”.
O facto de este ser o livro menos volumoso da série terá, muito provavelmente, a ver com os dois acontecimentos referidos por Sarah J. Maas nos agradecimentos finais: o ataque cardíaco sofrido pelo pai e a descoberta de que estava grávida. Ainda assim, “Corte de Gelo e Estrelas” é mais uma peça fundamental para conhecer esta Corte de Espinhos, cujo próximo e volumoso volume – 632 páginas – será dedicado à orgulhosa e irritável Nesta Archeron e também a Cassian, o guerreiro das cicatrizes. Além da melhor fantasia, é de contar muito esfrega/esfrega, peitorais ao léu e jogos de cintura, por cima e por baixo de lençóis lavados.
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