Quando falamos de livros infantis, dedicados a provocar o espanto naqueles que estão tranquilamente a experienciar a primeira infância – e noutros que a conseguiram transportar, de alguma forma, dentro de si ao longo das muitas diatribes da vida -, Chris Haughton surge na linha da frente como um dos grandes ilusionistas, em histórias tocantes, divertidas e que revelam um delicioso e quase hipnotizador jogo de cores.
Depois de “Mamã?”, “Boa Noite a Todos”, “Oh Não, Sebastião” e “Chiu! Temos um Plano”, chegou às livrarias portugueses mais um obrigatório mini-livro quadrado, de cantos arredondados e densamente cartonado, intitulado “Coragem, Pequeno Caranguejo” (Orfeu Negro, 2021).
O livro apresenta-nos ao Pequeno e ao Grande Caranguejo, habitantes de uma poça minúscula, prestes a embarcar numa aventura onde irão ter de puxar pelo seu lado mais corajoso. Decidido a mostrar ao filho que a vida é muito mais do que uma poça, o Grande Caranguejo leva-o a conhecer o mar. Porém, com a visão das assustadoras falésias e de ondas que parecem crescer ainda mais de vaga para vaga, o Pequeno Caranguejo parece decidido a trocar a novidade pelo espírito mais comodista, propondo a medo – e com medo – o regresso a casa.
Chris Haughton convida os primeiros leitores a uma aventura onde quase se consegue sentir a espuma das ondas e a vertigem das alturas, mostrando que com alguma coragem e uma companhia tranquilizadora podemos vencer alguns dos medos próprios do crescimento.
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