Foram já quatro os títulos da colecção Meninas Pequenas, Grandes Sonhos (Nuvem de Letras, 2018) a chegar às livrarias neste ano de 2018, cada um deles um conto rimado sobre algumas das mulheres mais marcantes da História. Uma colecção que, no mesmo espírito de outras como Histórias de Adormecer para Raparigas Rebeldes – já em dois volumes -, mostra como pequenos sonhos se transformaram, durante a vida ou para a posteridade, em inspiradoras histórias de vida, que acabaram por modificar a forma como olhamos o mundo em que vivemos.
“Teresa de Calcutá” conta-nos a história de Agnes que, ainda pequena, deixou a sua casa rumo a um país longínquo, seguindo precocemente aquilo que os católicos acreditam ser um chamamento. Um livro com um claro toque religioso, que inclui expressões como “sempre disposta a dar uma mão” ou “nunca era má”, e que percorre diversas fases da vida daquela que viria a ser, mais tarde, Madre Teresa de Calcutá: a passagem por um convento irlandês, a ida para a Índia, a criação da Irmandade das Missionárias da Caridade e a entrega do Nobel. O mantra, esse, também lá está: “Se não puderes fazer grandes coisas, faz as pequenas com amor”.
“Amelia Earhart” era uma pequena que “gostava de imaginar que batia as asas e começava a voar”, que desde muito cedo se habituou a seguir um mandamento: “Se queres fazer uma coisa, fá-la”. Alguém que sonhava em ter literalmente a cabeça na nuvens e que acabou por o conseguir: foi a primeira mulher a sobrevoar de avião o oceano Atlântico. E fê-lo sozinha.
“Tinha quatro anos quando um senhor com um feio bigode chegou ao poder. Chamava-se Hitler, odiava os judeus e queria fazê-los desaparecer”. Esta é a história de “Anne Frank”, que deixou para a história escritos que acabariam por se tornar no mais lido e transformador diário jamais publicado, onde através dos olhos de uma criança assistimos a um dos mais trágicos momentos da história do mundo. E que, ainda que de forma trágica, acabou por cumprir o sonho maior de Frank: tornar-se escritora.
Mas há também o volume dedicado a “Frida Kahlo” que, “deitada na cama cor de café, passava os dias a desenhar o próprio pé”. Uma história que envolve uma grande paixão e uma arte enorme, que tinha como temas “as tristezas, as doenças e uma ou outra alegria” e da qual ressalta um outro mantra com muitas exclamações: “Adeus, mal! Viva a vida!”.
Todos os contos são poetizados por M.ª Isabel Sánchez Vegara, que em cada volume oferece uma curta mas sucinta nota biográfica. Já as ilustradoras mudam de título para título, numa variação de estilos e de abordagens – desde o ar mais infantil de “Amelia Earhart” ao quase total preto e branco de “Anne Frank” – que confere, numa mesma unidade temática, uma personalização a cada história, indo ao encontro daquilo que distinguiu cada uma destas mulheres e a forma como atravessaram e transformaram este mundo.
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