A Pato Lógico continua a mapear o globo terrestre, girando à volta do um eixo comum: 1 mapa e 12 lugares, ilustrados e descritos na primeira pessoa por quem a eles, de alguma forma, pertence. Depois de São Paulo, Viseu, Madrid, Edimburgo e Beja, juntam-se agora duas cidades de geografias bem distantes: “Coimbra” e “Quito”.
Cabe a Catarina Sobral, que nasceu em Coimbra mas nunca lá viveu – antes na vizinha Lousã -, fazer um retrato ilustrado da cidade onde as fitas são queimadas à temperatura certa. Para ela, Coimbra chegou a ser “um lugar de dias de ócio” mas, também e durante os três anos em que lá fez o secundário, “um lugar de dias úteis”, momento temporal em que aprendeu a desenhar.
As escolhas de Catarina incluem clássicos como o Jardim da Sereia, “o sítio por excelência para comer o farnel quando íamos em visitas de estudo a Coimbra”, a Universidade ou a Baixa, “onde comia as primeiras castanhas assadas do ano e onde as iluminações de Natal eram mais faustosas”. Há também passeios pela Rua da Sofia, que lembra a Catarina “sempre o regresso às aulas”, ou uma conversa sobre o sotaque de Coimbra, que relembra a troca de insultos entre especialistas de fonética – sobretudo com palavras acabadas em “elho”.
As ilustrações são puro Sobralismo, um oceano de cor onde a vida surge transformada em animação – com Sobral, o mundo e as coisas do dia-a-dia, sejam centros comerciais, ruas, museus ou a Universidade, são definitivamente lugares mais bonitos para se viver e experienciar. Quase como se vistos através dos olhos de uma criança feliz. O mapa, habitado pelo espírito da infância, mostra-nos isso mesmo.
Roger Ycaza nasceu em Ambato, uma pequena cidade no centro do Equador, mas vive há quase vinte anos em Quito. Decidiu mudar-se pela música, tendo aí descoberto “a ilustração e os livros para crianças, que são para todos”, numa cidade que engoliu como um complemento às suas grande paixões: “cidade de clima variável, a grande altitude”, “comida deliciosa e bons amigos”, onde encontra espaço para viver as suas “tristezas e alegrias”.
Ycaza presenteia-nos com um universo de cor entre o azul e o vermelho, onde a ilustração pede casamento ao jazz, levando-nos a conhecer Fu Zhao, um popular restaurante de comida cantonesa com iguarias como “shaomais, cabeças de calamar, ovos com cebolinho, raviólis de camarão…”; Endulce, uma padaria/pastelaria com iguarias como “tamales de chocho, humitas, ponche quitenho, figos com queijo…”; ou visitar o 1865, um bar conhecido como o “museu do rock equatoriano”. Deste mapa sobrepopulado, com montanhas e um vulcão em fundo, não faltam sugestões para sairmos de Quito de barriga cheia. E os ouvidos em paz.
Sem Comentários