É uma daquelas colecções que usa e abusa da parvoíce e da loucura, levando o leitor numa viagem a uma floresta em perigo constante, seja pela maquinação humana ou, sobretudo, pelas artimanhas de um macaco hiperactivo com alma de destruidor de mundos.
Sejam muito bem-vindos ao alucinado mundo de Coelho vs. Macaco, a série de banda desenhada escrita e desenhada por Jamie Smart, de quem a Porto Editora acaba de lançar os dois primeiros volumes: “Coelho vs. Macaco” (Porto Editora, 2023) e “A Invasão Humana!” (Porto Editora, 2023).
No centro deste terramoto, servido aos quadradinhos, está um macaco e o seu desejo de governar “este planeta bizarro e distante!”, instituindo a Macacolândia. Depois de uma experiência falhada, o macaco acaba não por ir parar a um planeta distante mas a uma colina vizinha, julgando-se o conquistador de uma floresta onde, quem vai dando cartas, é um coelho branco que parece ter dois corações no lugar das orelhas.
Nesta estranha floresta há, também, um porco e um esquilo desmiolados e muito dados à pastelaria, uma raposa que carrega nos “erres” devido à sua proveniência francesa, um robot chamado Steve Metal que só se acalma em modo dançante, um castor – Castor Acção é o seu nome – que poderia ser duplo das mais perigosas cenas dos filmes de acção e uma doninha que, no seu covil, vai tratando de espremer o mal em invenções, sempre num eterno desejo de aniquilação: “Vou destruir toda a beleza, aniquilar toda a felicidade e trazer a desgraça para a floresta!” – como já devem ter adivinhado, ela e o macaco serão besties.
“Coelho vs. Macaco”, o homónimo livro inaugural, dá uma volta às quatro estações do ano, apresentando o leitor a este estranho jardim zoológico em liberdade, sempre em história curtas –3 a 4 páginas, que vão fazendo a ponte com as seguintes –, que tanto podem inventar um Alce de Troia, viajar no tempo ou criar um jogo chamado “queque-bola”. Um volume que termina com um mau presságio, descoberto numa tabuleta caída: “Plano de demolição – da floresta – e contrução de uma autoestrada”.
“A Invasão Humana!” coloca em pausa os delírios do macaco, obrigando os animais a escreverem, em estado de ameaça, aquilo que define uma cidade: “Edifícios gigantes, carros, cachorros quentes”, arrisca alguém. Um volume no qual os guardas florestais que se aventuram por entre este estranho grupo de animais ficarão a centímetros do internamento, e onde se passam coisas tão estranhas como a doninha querer ser boa, o Steve Metal aprender a escrever, o porco passar a ter um amigo imaginário ou os cientistas regressarem à floresta para levar de volta o macaco. O mote para o terceiro volume fica dado pela doninha, para quem desistir nunca é opção: “No próximo ano serão esmagados, destruídos e governados. No próximo ano viverão em terror! O próximo ano…será o meu ano!”. Cá estaremos para ver.
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