Quem diria que o indomável macaco, dominado pelo desejo de governar “este planeta bizarro e distante!”, instituindo pelo caminho a Macacolândia, seria capaz de puxar ao sentimento? É este o primeiro pensamento com que o leitor se irá deparar em “A Liga do Apocalipse!” (Porto Editora, 2023), o terceiro volume da colecção Coelho vs. Macaco, que usa e abusa, para nosso gáudio, da parvoíce e da loucura. A razão para este estado de tristeza e lamúria do macaco é o desaparecimento da doninha que, por enquanto, se encontra em parte incerta. “Nós costumávamos causar tanto caos…”, vai-se lamentando o pequeno destruidor.
Apesar do desaparecimento momentâneo da doninha, não faltam motivos de interesse para este estranho zoo falante onde, para além do macaco, temos ainda um coelho branco que parece ter dois corações no lugar das orelhas, um porco e um esquilo desmiolados e muito dados à pastelaria, uma raposa que carrega nos “erres”, um robot – chamado Steve Metal – que só se acalma em modo dançante, um castor – Castor Acção é o seu nome – que poderia ser duplo das mais perigosas cenas dos filmes de acção e, claro, a tal doninha, mestre em espremer o mal em invenções que vai enfiando num dos seus covis secretos – ou destruindo em experiências e missões que dão para o torto.
Temos, neste terceiro volume, Destructo, o supervilão mais assustador do mundo, com um respeitoso cartão-de-visita: “Eu como alegria e o meu cocó é feito de escuridão”; um novo macaco maléfico, que mostra que estes cientistas têm definitivamente má pontaria; técnicas de vendas agressivas, ou mais um plano do macaco para dar cabo da cabeça do coelho; uma tentativa de mostrar a verdadeira essência do silencioso mas vertiginoso Castor Acção; viagens no tempo, ao estilo do melhor de Gravity Falls; uma lenda chamada Moshoggoth, um monstro do Loch Ness mas sem água; ou toda a verdade sobre o laboratório da doninha – e o que está escondido por baixo deste. Sacrifício, coragem e reconhecimento, num terceiro volume que mostra que a Banda Desenhada é parte da vida de qualquer bom leitor.
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