“A Pistola é Mais Poderosa” (Devir, 2023), o volume 4 de Chainsaw Man, junta ao festival Black+Decker um toque de George Martin e do seu Casamento Vermelho – ainda que, por aqui, as cores sejam dadas à imaginação, valendo-nos o preto e branco para evitar o desmaio – tal como na épica cena do primeiro Kill Bill, onde Uma Thurman dá conta dos Crazy 88 antes de a cor do sangue nos entrar olhos adentro.
Não está fácil a vida para a Divisão Especial Antidemónios de Segurança Pública, um sentimento que uma novata exprime depois de meia centena de páginas de chacina, insurgindo-se contra uma vida a prazo: “Não aguento mais. Este trabalho vai deixar-me maluca”.
Denji não parece ter tempo para a empatia, apontando a prioridades bem definidas. Ainda assim, não evita um questionamento filosófico – mais um: “Será que, além de perder o meu coração, eu também perdi aquilo que faz de mim humano?”.
Power e Denji, a dupla-maravilha, é agioa treinada por um mestre que, após lhes dar nota 100 pelo espírito de desaforo, assume gostar de álcool, de mulheres e de matar demónios. Continua a ser uma delícia seguir o pensamento desta trupe alucinada, que vai soltando pérolas atrás de pérolas. Como esta, onde Tatsuki Fujimoto aproveita para brincar com o seu ofício: “Seria fixe se eu lutasse com as personagens inteligentes dos mangás”.
Aki, a viver em modo ampulheta, procura assinar um contrato com um demónio mais forte, o que significa que as condições do acordo irão ser mais cruéis. A proposta parece recair no Demónio do Futuro, que lhe oferece condições melhores a anteriores contratantes: “Uma delas deu metade da sua expectativa de vida. A outra deu os dois olhos, o paladar e o olfacto”.
Em cena entra também a máfia, com uma agenda muito própria: “Os Devil Hunters protegem os humanos dos demónios. E nós, a máfia Yakuza, protegemos os japoneses dos estrangeiros”.
A estreia da 4ª Divisão no terreno acontece com a caça a quem matou e chacinou as anteriores Divisões, e no próprio subsolo do prédio onde está instalada, mas à boleia de um espírito Walking Dead começa-se a desvendar o enigma Makima, que tem ainda muito sumo para espremer.
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