“O Cão e a Motoserra” (ler crítica), o primeiro volume do mangá Chaisaw Man, tinha deixado água na boca, entre muita comédia, ainda mais parvoíce, alfinetadas sociais e personagens de moral para lá de duvidosa.
Denji, o protagonista, fartou-se de vender peças do corpo até que, depois de um trabalho que deu para o torto, fez um pacto com Pochita, um demónio-motoserra de ar bastante fofinho, permitindo-lhe ressuscitar como homem-motosserra, com tanto de humano como de demónio. Uma transformação que faz dele o Messi dos caçadores de demónios, caindo nas boas graças de Makima, uma devil hunter da função pública que promete educá-lo e alimentá-lo – e por quem Denji fica perdido de amores.
Em “Motoserra vs. Morcego” (Devir, 2023), o segundo volume da série, Denji prossegue a demanda de “apalpar umas mamas”, o que é por demais evidente nas prioridades de vida que estabelece no combate contra o demónio morcego: “Rasgar as tuas entranhas. E apalpar mamas!”.
Por esta altura, a casa de Hayakawa transformou-se num Airbnb para mauzões, e até tem um quartinho para a Infernal Power – ordens da chefe. Power que, diga-se, não é uma colega de casa muito prendada ou fácil de gostar: não gosta de legumes, de tomar banho ou sequer de puxar o autoclismo depois de feito o servicinho.
Num volume onde descobrimos muita burocracia e papelada, não faltam tiradas existenciais como esta, quase sempre com Denji na berlinda: “Será que… quando for atrás de outra coisa diferente e a alcançar, vou achar que era mais feliz enquanto estava apenas atrás dela?”.
O maior destaque para este volume vai, porém, para o aparente regresso do Demónio Pistola, o demónio mais forte do planeta, que a chefe acha que Denji tem arcaboiço para eliminar. “Depois de ter morto quase um milhão e duzentos mil pessoas, em cerca de cinco minutos, o Demóno Pistola desapareceu sem deixar rasto”. A única pista do seu paradeiro são alguns fragmentos do seu corpo, que se juntam quando colocados pertos uns dos outros – conferindo também grande poder a que lhes deite a mão.
Para esta caçada de grande monta será necessário um esforço colectivo, que desemboca num escape room de hotel onde ninguém parece conseguir descobrir forma de sair do 8º andar. A Denji, porém, não falta motivação: há por aí a promessa de um beijo de língua. O terceiro volume, intitulado “Matem o Denji”, já anda pelas livrarias.
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