Imaginem uma Corte de Espinhos alternativa, na qual o sexo deixou de ser um embaraço – sobretudo para o leitor – e a trama reserva ainda mais surpresas, ao estilo dos bons tempos das Crónicas de Gelo e Fogo de George R.R. Martin. Pois bem, Sarah J. Maas sacou de mais um par de trunfos, construiu quatro casas e prendou-nos com Cidade da Lua Crescente. Uma saga que, a manter o fôlego desta primeira “Casa de Terra e Sangue” (Marcador, 2022), poderá bem ser um caso sério no universo da fantasia.
A protagonista dá pelo nome de Bryce Quinlan, uma jovem meio feérica, meio humana – uma loba e vanir de raça pura, segundo o extenso catálogo que não deve assustar o leitor -, que trata as festas e as noites de farra por tu. Isto até um demónio entrar na sua vida, transformando-a num lugar de dor e dormência até que o desejo de vingança decide falar mais alto. Como não poderia deixar de ser, há também um forte candidato a virar-lhe o coração do avesso: Hunt Athalar, um anjo caído e escravo dos arcanjos que, em tempos, tentou destronar, numa tentativa falhada de revolução.
As vidas de Bryce e Hunt acabam por se cruzar (em vários dos sentidos que a palavra o permite) de forma inesperada, tudo para dar caça ao demónio que anda a fazer das suas nas profundezas da Cidade da Lua Crescente. A descoberta de um mítico Chifre com poderes, bem como uma queda no vazio ao estilo de um bungee jumping – processo conhecido como Descida -, poderão ter uma palavra a dizer. Mas nada irá resultar enquanto este enigma-adivinha não for desvendado: “Luz que não é luz, magia que não é magia”.
Dramas familiares, lutas pelo poder, uma duende guardadora de livros ou portas que abrem e fecham para o Inferno, há de tudo neste livro primeiro da saga Casa de Terra e Sangue, onde Sarah J. Maas continua a mostrar que dá cartas no universo da fantasia. O melhor de tudo é que “Casa de Céu e Sopro”, o segundo livro, já chegou às livrarias.
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