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Cartas de Amor e de Guerra, Deus Me Livro, Ítaca, Mikhail Chichkin
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“Cartas de Amor e de Guerra” | Mikhail Chichkin

Por Eurico Ricardo · Em 28/04/2017

Consensualmente considerado o maior romancista russo entre aqueles que ainda habitam no mundo dos comuns mortais, Mikhail Chichkin é apontado como um dos principais candidatos ao Prémio Nobel da Literatura. Este ano e pelas mãos das Ítaca, chegou às livrarias “Cartas de Amor e de Guerra” (Ítaca, 2017), um acervo de cartas trocadas entre dois amantes, separados geográfica e fisicamente pela existência de um confronto bélico, que promove a ingressão em terreno de guerra do elemento masculino da cumplicidade amorosa.

Ao longo da troca de correspondência, verifica-se um esforço do autor em incluir no romance fragmentos do passado da vida da mulher (Shashenka) que, várias vezes, descreve as suas memórias de um afecto familiar – sobretudo a relação de grande proximidade e admiração que nutria pela figura do seu pai.

Chichkin é descritivo e simultaneamente prosaico, enumerando características da paisagem soviética de outrora. Conseguimos ser transportados para o teatro de operações onde decorrem as viagens, em vagões de comboio ou embarcações, de Volodenka e seus camaradas de odisseia, e testemunhamos de forma abstracta as atrocidades que sofrem ou são obrigados a cometer.

Cartas de Amor e de Guerra, Deus Me Livro, Ítaca, Mikhail ChichkinAlém de reminiscências da juventude de ambos, acabamos por testemunhar o amor que os une e o poder que as suas palavras tinham um no outro. A esperança que detêm num regresso de Volodenka chega a ser enternecedora. As suas cartas eram as provas de que estavam vivos e que ambos povoavam a mente um do outro. Consideram-se salvos pelas palavras que lhes chegam e que dilatam o que vive nos seus corações. Como se, essas mesmas palavras, reduzissem a fatalidade a que a distância – e posteriormente a morte – condenou a paixão.

“Há muito tempo já que tu e eu somos um só. Tu és eu. Eu sou tu. O que é que nos pode separar? Não há nada que nos possa separar?”

No final, é-nos sugerido que Volodenka acabará por não regressar. Mas, como todos os homens que se dedicam ao exercício da escrita, as suas palavras sobrevivem, tal como sobrevive o amor que Shashenka eternamente manterá por ele.

Cartas de Amor e de GuerraÍtacaMikhail Chichkin

Eurico Ricardo

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