Não é à toa que, na contracapa de “Boa Noite, Punpun 2” (Devir, 2024), descubramos o seguinte aviso, ainda que em letra miudinha: conteúdos para leitores maduros. Se, no primeiro volume, ainda contámos com uma mão cheia de momentos fofinhos, este segundo livro – que reúne os volumes 3 e 4 da série original – parece ter caído numa solução de mescalina preparada por um cozinheiro generoso, instalando uma nuvem negra que cospe depressão, trauma e isolamento social.

Por estes dias, a vida não está fácil para Punpun. O casamento dos pais está em colapso, com o pai ausente – a escrever-lhe “uma carta parva” todos os meses, palavra de progenitora – e a mãe acabada de sair hospital. Há, porém, uma luz que ilumina o seu caminho: Aiko Tanaka, uma jovem que, além, de pertencer a um culto estranho, começa a andar com um tipo popular, um exímio jogador de badminton que se torna amigo de Punpun – e rival pela mesma conquista.
Punpun bem tenta recorrer ao seu muito particular Deus, um sorridente e algo impaciente cantor de R&B, recorrendo ao chamariz que o tio lhe ensinou – “Meu Deus, Meu Deus, Tinkle Hoy” -, mas parece que este lhe virou costas, tendo de se refugiar no seu quarto para acalmar um tremendo desgosto de amor.

Punpun “só podia perceber que os seus sentimentos já se concentravam em algo escuro e amargo”. Porém, quando a oportunidade surge, Punpun acaba por preferir o conforto ao desconhecido, vendo partir aquela que acreditava ser a mulher da sua vida. No próximo volume, o salto temporal levará Punpun ao liceu. Será que melhores dias virão?
Sem Comentários