Mantendo a aposta na política da rotatividade, “História do Mundo na Idade Moderna” (Círculo de Leitores, 2016), o terceiro volume da Biblioteca de História Larousse, tem desta vez a direcção e o prefácio entregues a Jean Delumeau, professor no Collège de France e membro da Academia Francesa.
“É evidente que muitos dos problemas que se colocam actualmente à comunidade humana têm a sua origem vários séculos antes e, nomeadamente, durante o período a que, em França, chamamos “moderno” (por oposição à idade contemporânea)“. Di-lo Delumeau no prefácio, ao mesmo tempo que se refere ao exercício de memória como uma forma de nos sentirmos devedores a situações criadas há vários séculos atrás.
Para Delumeau, muitos dos problemas de hoje têm as suas origens bem assinaladas na linha temporal da história, como no caso do problema irlandês – “…a quando remonta o problema irlandês? Aos séculos XVI e XVII, quando, sucessivamente, Isabel I em 1594 e 1603 e, depois, Cromwell em 1649, reprimiram as revoltas dos Irlandeses, que queriam manter-se católicos e não ser ingleses” – ou, outro exemplo, na complexa situação da ex-Jugoslávia – “…explica-se nomeadamente pelos avanços realizados nos Balcãs, nos séculos XV e XVI, pelo poderio otomano: a Sérvia independente destruída em 1459, a Bósnia em 1463, Belgrado (então húngara) ocupada em 1521“.
A Idade Moderna está, porém, longe de oferecer uma herança sombria. Afinal, este período da História ofereceu a quem veio a seguir um legado excepcional, nomeadamente no que toca à produção de obras-primas criadas por mestres como Leonardo Da Vinci, Miguel Ângelo ou Mozart.
É igualmente este o período em que a fé cristã faz uma cisão entre católicos e protestantes, mas também o momento em que nasce verdadeiramente a ciência – através de figuras como Galileu, Leibniz ou Newton -, em que surgem os progressos decisivos da técnica – a máquina a vapor de Watt, por exemplo, surge em 1769 -, e em que nascem as noções sobre as quais se fundaria a democracia moderna.
À semelhança do que aconteceu nos volumes anteriores, tentou-se que a história deste período fosse contada, também, fora do continente europeu, abarcando-se eras como a do império chinês ou do Irão xiita.
De Cristovão Colombo às vésperas da Revolução Francesa, “História do Mundo da Idade Moderna” acompanha a primeira vez em que se falou de uma “economia-mundo” – segundo a fórmula de Braudel – o que, juntando a emigração europeia para a América do Sul e do Norte, a deportação de milhões de negros para o outro lado do Atlântico e as transferências culturais verificadas um pouco por todo o globo, permitiu criar as condições da civilização moderna actual. Uma colecção muito interessante que apresenta, de forma sintética e com algum espírito de contador de histórias, a História que o mundo já conheceu.
(da contracapa)
“Enquanto Lutero é declarado herético, Solimão, o Magnífico, sobe ao trono em Istambul. Em 1639, o Japão fecha-se ao mundo durante dois séculos e Pascal põe a funcionar a sua máquina de calcular. O comércio de escravos transtorna profundamente o continente africano, mas a dinastia manchu dos Qing leva a paz e a prosperidade à China. Enquanto Catarina II da Rússia acolhe Diderot em São Petersburgo, os futuros Americanos redigem a sua Declaração de Independência. Os monarcas absolutos atingem novos patamares de longevidade: setenta e dois anos de reinado para Luís XIV, cinquenta e cinco para o seu homólogo marroquino, Mulay Ismail, quarenta e seis para Frederico II da Prússia. O ano de 1789 assiste à reunificação do Vietname, à abertura dos Estados Gerais e… à revolta na Bounty“.
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