É certo e sabido, pelo menos de acordo com os ensinamentos populares que vão passando e atravessando gerações, que uma imagem vale, muitas vezes, por mil palavras. Levando o ensinamento da letra à edição, a Pato Lógico decidiu fundar a colecção “Imagens que contam”, da qual fazem parte livros que vivem única e exclusivamente do poder das ilustrações – e, claro, da imaginação do leitor e da arte dos contadores de histórias.
Da autoria de Teresa Cortez chega agora “Balbúrdia” (Pato Lógico, 2016), livro que nos convida a entrar num sempre armadilhado quarto de um pequeno rapaz. Em redor da desarrumação, vão-se sucedendo brincadeiras encantadas: fazer construções que se aguentam por um fio, montar tendas e acender lanternas, fazer desenhos, brincar aos mergulhadores ou aos astronautas.
Porém, no momento em que tenta retirar de uma montanha caótica aquele que seria o parafuso essencial da brincadeira seguinte, o jovem vê-se perseguido cidade fora por um gangue de brinquedos revoltos, liderados por gente como uma raquete de ténis, uns óculos de mergulhador com ar ameaçador ou um patinho de borracha (amarelo como manda a tradição).
Depois de uma corrida de proporções olímpicas, a que se segue uma intensa sensação de perda, o pequeno desarrumado irá aprender que, mesmo num mundo desorganizado e criativo, há sempre lugar para alguma arrumação.
As ilustrações de Teresa Cortez, um triunfo dos lápis de cera e de cor, dão velocidade e vida a um emaranhado de brinquedos que, a certa altura, até deixam escapar um sorriso perante a decisão do pequeno de cuidar melhor dos seus amigos de brincadeira. Se querem que os vossos catraios ganhem algum gosto pela arrumação, este livro será bem mais eficaz do que um arreganho parental.
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