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“Avalanche” | Marta Chaves

Por Pedro Miguel Silva · Em 11/08/2022

Foi uma das grandes viagens poéticas de 2021, trazida, montanha abaixo, pela poeta Marta Chaves. “A avalanche percorre as páginas/ e esmaga-me”, lê-se como num sinal de perigo, num livro onde descobrimos um permanente desalento, uma envolvente melancolia e que propõe lidar com a perda de forma irreverente, com o conforto “…de as coisas perdidas/ serem nossas para sempre”. “Avalanche” (Assírio & Alvim, 2021) é, geograficamete falando, esse lugar poético onde “o anoitecer torna tudo mais calmo”.

Há, no rasto deixado por esta avalanche, palavras e sons de ordem – “A música/ põe-me no lugar” -, deliciosos jogos de desamor – “Nunca estás/ onde penso/ que estou” -, palavras que deixam de ser putas e se transformam em botas caminhando ao lado de um cão – um cão manso usado como um meigo despertador -, nuvens propensas à arte da adivinhação, o despertar ao som de um “varrer com veemência”, uma observação arguta do bulício da urbe ou o caminhar sobre uma linha temporal desfasada – neste calendário avalanchiano, há meses como Fevereiro de Abril.

Colhem-se flores que soluçam, senta-se numa “grande plateia/ de esquecimento“) caminha-se na frescura de sombras que fazem crescer, isto até pararmos junto a um andaime onde o piropo já era:

O martelo pneumático
é incansável a céu aberto.
Os homens cantam entre as pedras
e daqui a nada, quando eu passar,
o servente estará num quadrado de sombra
a almoçar na futura casa de alguém.
(Julho de Setembro)

Com muito desajeito para a dor, Marta Chaves leva-nos, com estes poemas que se lêem como fotografias, a um lugar onde estar sem fazer nada é estar realmente. “Da vida/ o que quero/ é deitar-me com ela”. Deitemo-nos então.

Avalanche, Marta Chaves, Deus Me Livro, Crítica, Assírio & AlvimMarta Chaves (1978) nasceu em Coimbra e vive em Lisboa. É psicóloga clínica e psicoterapeuta. Desde 2008, tem vindo a revelar os seus poemas em diversas antologias poéticas e revistas de poesia. Publicou os livros “Onde não estou, tu não existes” (Tea for One, 2009), “Pensa que deixou de pensar nela” (Tea for One,, 2010), “Dar-te amor e tirar-te a vida” (Tea for One,, 2012), “Pedra de Lume” (Paralelo W, 2013), “Perda de Inventário” (Alambique, 2015), “Varanda de Inverno” (Assírio & Alvim, 2018), “Perda de Inventário – edição revista e ampliada”, (Corsário-Satã, 2020, Brasil) e “Avalanche” (Assírio & Alvim, 2021).

Assírio & AlvimAvalancheCríticaDeus Me LivroMarta Chaves

Pedro Miguel Silva

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