Ler o livro “Auto Retratos” (Abysmo, 2016) de Paulo José Miranda, é desde o primeiro segundo uma experiência radical. Começamos logo pelo facto de a obra se apresentar sem capa, como que a chamar-nos a atenção de uma forma bruta e crua para o “miolo” do livro, para a sua essência, para aquilo que verdadeiramente importa: a vida das palavras.
Essa é a primeira pista para aquilo que espera o leitor nesta viagem: uma escrita sem rodeios nem “papas na língua”, uma escrita que chega a ser agressiva e que nos envolve até ao nosso íntimo, de forma imediata e sem pré-aviso. Os temas abordados pelo autor são tão diversos e muitas vezes antagónicos, como Deus e o Homem, a vida e a morte, o Amor e o desamor, a imagem e as palavras.
Paulo José Miranda é um autor multi-facetado: nasceu em 1965, na aldeia de Paio Pires, e estudou música na Academia de Amadores de Música e no Hot Club. Licenciou-se em Filosofia pela Universidade de Letras de Lisboa. Publicou o seu primeiro livro de poesia em 1997, A Voz Que Nos Trai, pela Cotovia, com o qual venceu o Primeiro Prémio Teixeira de Pascoaes. A partir daí construiu uma obra extensa, tendo publicado todos os estilos literários desde prosa, ficção, romance e peças de teatro, numa carreira marcada também por inúmeros prémios literários de prestígio ganhos.
“Auto-Retratos” é um livro forte, musculado, apaixonado e apaixonante. Revela uma poesia fundamental para quem gosta de experiências fortes e de palavras sem anestesia. Um Amor à primeira leitura, um grito surdo, uma pedra no charco. Imperdível, portanto.
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