É, de entre todo o multiverso mangá, uma das mais estranhas, absurdas e empolgantes séries. Falamos de Assassination Classroom, escrita e ilustrada por Yusei Matsui, que poderíamos situar desta forma socorrendo-nos da introdução ao volume 11, que ajuda quem perdeu ps anteriores volumes a entrar com estilo e sem precisar de rever a matéria dada:
“Na Escola Secundária Kunugigaoka, o professor da turma E é uma criatura que a Lua e jurou obliterar o planeta Terra em Março do ano seguinte. Uma vez que nem o exército o conseguiu matar, o Korosensei tem à cabeça um prémio de 10 mil milhões de ienes. O seu assassinato foi comissionado aos seus alunos. Através das aulas do Koronsei, a turma E, escarnecida como a “turma E de Escumalha”, conseguiu escalar o ranking escolar, registando um crescimento notável em variadas disciplinas. Graças à liderança do Karasuma-sensei, enviado pelo Ministério da Defesa para lhes ensinar técnicas de assassinato, a turma tem-se tornado num grupo de assassinos profissionais. O primeiro semestre já passou, e o prazo-limite aproxima-se. Conseguirão os alunos da turma E assassinar o Korosensei?”
Neste volume 11, intitulado “Hora do Festival de Atletismo” (Devir, 2018), ninguém parece gostar lá muito do seu nome, sobretudo gente como Kimura Justice – que ganhou o apelido pelo facto de o pai ser um agente da lei – ou Kirama. Até mesmo Korosensei que, à semelhança do Tarantiniano Reservoir Dogs, decide que é tempo de adoptarem nomes de código, escolhidos pelo próprio mestre a partir das sugestões dos alunos. Surgem então nomes épicos como Fim da Javardice, Miúda dos Sermões ou Venenóculos, reservando Korosensei a alcunha de Príncipe do Destino do Vento Eterno – o que lhe granjeia a fúria dos alunos e a pouco abonatória alcunha de Polvo Javardiota.
Ainda assim e no meio de tanta revolução gramatical, Korosensei não deixa de se sair com uma tirada de filosofia motivadora: “Os nomes não fazem as pessoas. São os passos que cada um dá que imortalizam os seus nomes”.
Em foco nesta história está Isogai, mais conhecido como o bonzão, que acabou por ir parar à turma E por ter violado os regulamentos da escola. Mas a verdade é que tal coisa não lhe serviu de emenda uma vez que, sendo pobre, teve de arranjar um emprego paralelo, algo que é totalmente proibido e que foi descoberto por Asano, o líder da turma A que quer literalmente dar cabo da turma E.
Como forma de chantagem, Asano propõe manter o segredo desde que aceitem jogar o Jogo do Poste, cujas regras são bem simples: quem derrubar o poste apoiado pelo adversário vence. As hipóteses da turma E ganhar o Jogo estão para lá do remoto, uma vez que, a juntar à abissal desvantagem numérica, terá de enfrentar ainda os 4 pesos pesados contratados pela turma A: Sang, uma estrela promissora no basquete coreano; Camus, um ás da nova geração de um ginásio francês; José, filho de um lutador brasileiro de nível mundial; e Kevin, representante júnior de futebol americano. Porém, quem conta com Isogai como líder, pode sempre sonhar com o impossível.
A par desta agitação desportiva, que coincide com o Festival de Atletismo da Escola, faltam apenas 5 meses para o prazo dado pelo Korosensei, pelo que os alunos terão de se decidir: estudar para os exames intermédios ou dar prioridade às técnicas de assassinato? Como se o dilema não bastasse, terão ainda de trabalhar num jardim-de-infância, enfrentando mordeduras e outras ameaças, para impedir que um velhote dê com a língua nos dentes.
Quanto ao volume 12, que tem como título “Hora do Shinigami” (Devir, 2018), mostra os alunos da turma E encantados com os fatos de tecnologia mundial que receberam das mãos de Karasuma-sensei, que têm resistência elástica, ao embate, ao corte e ao fogo, podendo ser combinados em cinco cores diferentes e serem usados como camuflagem.
Korosensei, esse, está encantado com o espírito que conseguiu incutir na turma após uns meses ao seu cargo: “Agora a sede de matar palpita e inunda por todo o recinto”. Já a muito sexy professora Bitch está furiosa pelo facto de Karasuma, uma vez mais, não lhe ter oferecido uma prenda no seu aniversário.
As coisas começam verdadeiramente a aquecer quando entra em cena Shinigami, conhecido como O Assassino dos Assassinos, que tem vindo a assassinar metodicamente os rivais mais competentes para se atirar à recompensa de 10 mil milhões de ienes. O seu plano, que envolve uma quantidade considerável de flores, envolve raptar a professora Bitch e os alunos da turma E, como isco para atrair Korosensei a uma armadilha muito bem montada. Mas será Karasuma a dar a cara e o corpinho, naquela que será “uma batalha entre os mais fortes espécimes da humanidade!!”.
Desliguem o radar ocidental, atirem com o senso comum às urtigas, percam toda a noção da realidade, e deixem-se levar por esta história carregada de juventude e que vai buscar, às tradições e ao imaginário nipónico, um sentido de absurdo e uma dose de fantasmagoria que lhe assenta estranhamente bem.
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