É verdade que os mais novos, aqueles que estão já ou se encontram no limite da fronteira da adolescência, têm ao seu dispor um sem-número de edições literárias. Porém, no que toca ao mundo do terror ou do sobrenatural, as propostas não são assim tantas, até pelo facto de o tema poder ser considerado um pouco impróprio para estas idades. É certo que em livros de séries como Os Cinco ou Uma Aventura há muitos apontamentos que fazem os mais pequenos ficar com pele de galinha mas, se quisermos levar a experiência um ou dois degraus mais acima, poderemos recomendar o primeiro livro de Kristina Ohlsson apontado a um público mais jovem: “As Crianças de Cristal” (Bertrand, 2016).
O livro é o primeiro de uma série que tem, como protagonista, Billie, uma rapariga que acaba de se mudar para Ahus, uma decisão que partiu da mãe para poderem ter um novo começo depois da morte do pai de Billy. Esta, porém, tem um mau pressentimento em relação à nova casa para onde se vão mudar. Trata-se de uma casa velha e delapidada, com a tinta das paredes a descascar e que à noite oferece uma pequena sinfonia de estranhos barulhos. Para além de nela existirem duas misteriosas figuras de cristal, uma de um rapaz e outra de uma rapariga.
Para acentuar ainda mais este estado de assombro, os donos anteriores abandonaram a casa deixando para trás os seus pertences, entre livros e objectos, o que não parece ser um bom sinal. Um desses objectos é uma mesa que despertou a atenção de Billie, mas que começa a ser portadora da má fortuna: no pó que cobre a mesa surgem palmas da mão de crianças, bem como frases ameaçadoras. Porém, perante a incredulidade da mãe, que julga que tudo não passa de um esquema de Billie para evitar que a mudança se concretize, esta terá de pedir ajuda a Simona, a sua velha amiga, e também a Aladdin, o novo amigo que vive numa casa-barco.
A investigação vai avançando, envolvendo uma rapariga que se enforcou num candeeiro – que Billie jura abanar sozinho – e a notícia de que a casa foi, em tempos, um asilo para crianças. Mas, ao mesmo tempo que tudo parece convergir para uma partida com causas sobrenaturais – uma ideia reforçada por uma estranha velhinha com quem Billie se vai cruzando na biblioteca local -, os três amigos acreditam que há uma mão humana a tentar que Billie e a sua mãe não fiquem numa casa que parece uma entidade viva. Mantendo o espírito dos livros de aventuras para os mais jovens, Olhsson acrescenta-lhe uma pitada de sobrenatural, algo que manterá os pequenos bem despertos durante a leitura individual ou em voz alta.
Kristina Ohlsson é formada em Ciência Política, com experiência em contra-terrorismo. Trabalhou nos Serviços de Segurança suecos, no Ministério dos Negócios Estrangeiros e deu aulas na faculdade. Vive em Estocolmo e é uma das mais célebres autoras de policiais escandinavos.
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