Escritas e ilustradas por Artur Laperla – Artur Díaz Martínez no CC espanhol -, As Aventuras do Super Batata são uma forma deliciosa de aproximar os mais pequenos do universo dos comics e da BD, em edições de grande formato complementadas com vinhetas de grande dimensão e o uso exuberante da cor. Depois de “A Origem do Super Batata” (ler crítica) e “Zort Terceiro, o Rei Estraterrestre” (ler crítica), chegaram às livrarias mais dois volumes deste herói improvável: “Uma Mega Viagem no Tempo” (Planeta, 2024) e “A Vingança de Malícia, a Maligna” (Planeta, 2024).
Super Batata foi, em tempos, Super Max, um narcísico super-herói que, para além dos posters de si próprio que colava nas paredes de casa, perguntando ao espelho se haveria algum super-herói melhor do que ele. O seu arqui-inimigo dava pelo nome de Doutor Malévolo, e foi com uma das invenções deste vilão que Super Max se viu transformado em Super Batata, mostrando que a beleza não escolhe tubérculos.
Em “Uma Mega Viagem no Tempo”, continuamos a acompanhar a busca por um raio desbatatizador, que permita que ao Super Max e às muitas outras vítimas do Doutor Malévolo regressar às suas formas originais. Das invenções disponíveis, a mais recomendada é o Miniportal Temporário, mas o plano tem tudo para correr mal: regressar ao passado e impedir que o Doutor Malévolo faça a sua maldade, correndo o risco de alterar o passado e o futuro.
Apesar de já se ter habituado ao seu tubérculo formato, o que implicou deitar fora todos os seus champôos e loções para o cabelo, “é verdade que o Super Max continua a viver num cantinho do Super Batata”. Para complicar as coisas, assistimos à chegada de um vilão inesperado: Arquibaldo, “o réptil mutante surgido dos esgotos e arqui-inimigo número 99 do Super Max”; mas também de Olívia Perdigoto, a paixão (não correspondida) de Super Max, que lhe vai atirando pérolas como esta a cada um dos avanços com que se vê prendada: “Não te canses, põe-me no chão que eu apanho um autocarro”.
“A Vingança de Malícia, a Maligna” começa numa “noite chuvosa, numa terça-feira igual a tantas outras, num aviário nos arredores da cidade…”. Neste volume, o Super Batata terá de enfrentar uma série de constrangimentos: um frango que não consegue dormir e que, ao estilo Godzilla, se transforma num frango mutante gigante; Malícia, a Maligna, sem pruridos em apanhar alguém pelas costas – e que tem todo o ar de ser irmã do Doutor Malévolo. Por falar nele, parece que passou a criar orquídeas na prisão.
Até final, levantam-se questões de pendor gastronómico, assistimos a uma Batata a servir de pau de cabeleira e passeamos pela trela uma cadelinha demasiado fofa para ser verdade, rematando com um plot twist carregado de brilhantina. Hidratos de carbono para consumir sem restrição, numa grande série para os mais novos (está recomendada para +6).
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