As árvores, seres essenciais na vida – na nossa vida. A sua generosidade permite-nos respirar mais e melhor, purificando o ar. São intergeracionais, estabelecendo o mais silencioso e belo dos diálogos entre o passado, presente e futuro. Cuidadoras invisíveis, inspiradoras, protectoras – são algumas das suas características.
Acolhedoras e hospitaleiras, muitas outras vidas em si habitam: seres microscópicos, fungos e variados seres pequenos mas de grande complexidade. Abrigam aranhas, insectos, formigas, cupins, vespas e abelhas, macacos, morcegos ou felinos, mas também pessoas. Quem nunca procurou uma bela árvore para se recostar, a abraçar ou a ela trepar? Ou, simplesmente, para admirar as suas copas, troncos ou raízes?
As árvores carregam simbolismo, religiosidade, cultura e muitos segredos. Todas as árvores são especiais, como se poderá descobrir em “As Árvores Guardam Segredos” (Lilliput, 2023). Um livro belíssimo, sensível, poético e simultaneamente informativo sobre a herança cultural e natural de algumas árvores, assim como a sua conexão com as pessoas e o meio em que habitam. A beleza e a longevidade são admiradas e dignas de contemplação, mas não decisivas para o reconhecimento e atribuição da condecoração da Árvore do Ano, uma ideia que alguém teve na Chéquia, ganhou adeptos e rapidamente ultrapassou fronteiras.
O leitor é convidado a fazer uma viagem cruzando geografias e culturas. Começamos na Chéquia, passamos pela Croácia, Rússia, Países Baixos, Polónia, Espanha, Hungria, Estónia, Portugal, Reino Unido ou Itália, entre outros países. Curiosos? Há razões para tal.
Árvores milenares carregam segredos, contam-nos histórias, oferecem-nos a esperança de vivermos dias inesquecíveis à sombra da sua folhagem ou, simplesmente, esperam pacientemente pelo nosso sussurro, confidenciando os mais íntimos segredos ou partilhando os pequenos grandes prazeres da vida.
Talvez o leitor, mais sonhador, gostasse de ser um “caçador de árvores”, percorrendo montes e vales, bosques, jardins e povoações longínquas, para conhecer de perto as mais deslumbrantes e assombrosas árvores. Enquanto não se torna um verdadeiro caçador de árvores, poderá treinar e, sempre, que caminhe na cidade ou no campo, observá-las e admirá-las.
As ilustrações de Olivia Holden são minuciosas, recorrendo a diferentes técnicas para dar vida aos detalhes. As texturas e a paleta de cores dão enfase à vida e embelezam as árvores milenares. As guardas, em folha dupla, elogiam a vida em comunhão: nós e as árvores; nós e a natureza.
Lucas Riera é um escritor de livros infantis sediado em Barcelona. Olivia Holden é ilustradora, vive em West Yorkshire. Cresceu numa pequena vila na costa de Fylde, em Lancashire, e estudou Belas Artes, Têxteis e Literatura Inglesa.
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