“Aquele Natal Inteiro e Limpo” (Kalandraka, 2023) partilha com o leitor diferentes homenagens: ao Natal, tempo de partilha, amor e generosidade; aos avós que nos mimaram e, agora, vivem momentos de descanso, silêncio e lentamente se habituam a (con)viver com o esquecimento; aos poetas que clamam liberdade e nos oferecem palavras esperançosas, que não querem ser olvidadas; e aos soldados e a todas as pessoas que saíram à rua no dia da revolução.
Este é um texto sensível, com laivos poéticos, que percorre tempos diferentes e cujo objectivo é fazer com que o silêncio e o esquecimento sejam minimizados. Uma neta, ao olhar o avô sentado numa cadeira de baloiço, calado e perdido no labirinto da sua memória, decide manter uma conversa na expectativa de que este não se esqueça de si, da família e de um Natal especial – aquele que ocorreu há cinquenta anos, em que todos saíram à rua numa festa sem fim e onde os cravos abundavam. Talvez fosse tempo de ir, de novo, à rua com o avô – “Sim, vamos juntos e vamos alegres. Trazes tu as flores?”.
As ilustrações ampliam o significado do texto e dão vida aos contextos familiares, sociais e culturais, dando ênfase à necessidade de mantermos os nossos avós vivos e acarinhados. Agora que o Natal está a chegar, é tempo de ler e dar a ler, de acariciar os avós: os que que estão sós, os que nos abraçaram, os que lutaram e continuam a lutar e a espalhar esperança. É tempo de combater o esquecimento e o isolamento. É tempo de Natal.
José Gardeazabal nasceu em Lisboa. O seu livro de poesia, “história do século vinte”, foi distinguido com o Prémio INCM/Vasco Graça Moura. O seu primeiro romance, “Meio Homem Metade Baleia”, foi finalista do Prémio Oceanos, e com “A Melhor Máquina Viva”, seu segundo romance, considerado um dos melhores livros de 2020 pelos jornais Expresso e Público, foi finalista dos prémios Fernando Namora, Correntes d’Escritas e da Sociedade Portuguesa de Autores.
Em 2021 publicou os romances “Quarentena – Uma História de Amor”, finalista do Prémio Oceanos em 2022, e “Quarenta e Três”, assim como o volume de poesia “Viver Feliz Lá Fora” e, em 2022, sai “Quando éramos peixes”, o segundo volume da Trilogia dos Pares. “A mãe e o crocodilo”, que conta a história de Vladimir e do seu crocodilo, Benito, é o seu quinto romance.
Susana Matos nasceu em Lisboa, estudou Artes Plásticas na ESAD das Caldas da Rainha e leccionou Educação Visual em inúmeras escolas. Ilustradora de livros para todos, já publicou mais de uma dezena de títulos, tendo arrecadado, em 2018, uma Menção Especial no XI Prémio Internacional de Compostela para Álbuns Ilustrados. Vencedora também do Prémio Matilde Rosa Araújo de Ilustração pela Câmara Municipal da Trofa (2012), obteve ainda uma nomeação para o Prémio de Melhor Ilustração de Autor Português no Festival de Banda Desenhada da Amadora em 2016. Participou nas edições do VII e XIII catálogo Iberoamericano de Ilustração e nas primeiras edições da Bienal de Ilustração de Guimarães.
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