Sarah Vaughan nasceu no Reino Unido e cresceu em Exeter, tendo estudado literatura inglesa na universidade de Oxford. Correspondente na área política do jornal The Guardian, é mãe de dois filhos e vive em Cambridge.
“Anatomia de um Escândalo” (Topseller, 2018) é um livro inteligente, meticuloso e rigoroso, quer na envolvente político-social – fica-se a conhecer por dentro o Governo e o Parlamento Britânicos, bem como as idiossincrasias dos seus Membros -, quer na profissional – sobretudo as da “barra” de um tribunal, numa história contada por Kate, a advogada criminalista e narradora principal, que simpatiza pouco com defender quem suspeita ser culpado; isto embora saiba que a verdade judicial é complicada: ”(…) a advocacia acusatória não é de facto uma investigação da verdade”.
James é o marido de Sophie, pai extremoso e uma carismática figura pública de sucesso. Membro do Governo, é acusado de um crime de violação que a mulher, convencida da sua inocência, tentará de forma desesperada proteger para salvar a (união da) sua família.
Kate é a advogada contratada deste caso, que sabe que só o poderá ganhar com uma boa argumentação. Mas Kate, que procura sempre a verdade, está ciente da culpabilidade de James, decidindo que este terá de pagar pelos crimes que cometeu. O dilema desenrola-se com intensidade e emoção interior, de alguma forma espelhando as posições de Sophie e de Kate sobre o que pensam relativamente a James e ao seu alegado comportamento criminal, mostrando que a verdade pode ser um joguete metamorfoseado em frente a um tribunal de júri.
As personagens femininas estão bem construídas e a autora não se furta ao detalhe de algumas cenas bastante cruas, escritas no intuito de dar impacto à leitura. Uma novela de emoções onde a realidade supera a própria ficção e onde a procura da verdade surge como o primeiro desiderato da justiça humana.
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