A par do seu trabalho como jornalista Tiago Rebelo é, também, um romancista brilhante. Para além do sucesso de “O Tempo dos Amores Perfeitos”, “O Último Ano em Luanda” e “O Homem Que Sonhava Ser Hitler”, escreveu ainda mais quatro títulos da série infantil A Amarguinha.
“Amarguinha” (Asa, 2016) – o primeiro título da série – é uma menina de grandes olhos castanhos que não gosta de doces, daí o seu nome. Neste livro tem Martinho como seu melhor amigo, filho de um banqueiro e de uma senhora que passava o dia a desenhar gatos em telas, para os quais trabalham os pais de Amarguinha. Um dia, as famílias são obrigadas a separar-se e, consequentemente, a amizade das duas crianças é posta à prova.
Este livro é uma verdadeira lição de moral. Para além de serem apresentadas três histórias de vida comuns com que qualquer pessoa se consegue identificar, é-nos dado a ver através dos olhos de uma criança, um olhar que tende muitas vezes a ser ignorado.
Há vários temas implícitos ao longo da narrativa e que merecem atenção especial: é mostrado que o banqueiro, pai de Martinho, ‘’nunca estava muito em casa, andava sempre em viagens’’, despertando aqui a importância da presença dos pais no crescimento dos filhos; são introduzidas novas noções como ‘’falência’’ e ‘’psiquiatra’’, que se tornaram parte do quotidiano de muita gente – conceitos actuais, que permitem a sua fácil compreensão para os jovens leitores. No entanto, aquando do final do livro, as palavras de ordem que ficam a pairar são perseverança, esperança e persistência.
As ilustrações de Danuta Wojciechowska fazem a delícia tanto dos miúdos como dos graúdos. Com traços simples mas requintados, ajudam a compor o livro tornando-o ternurento e impossível de não adorar.
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