Em Portugal, os últimos anos têm sido gloriosos no que toca ao universo literário infantil. Uma das boas consequências deste boom – de editoras e edições – tem sido a publicação de autores que, até há bem pouco tempo, permaneciam desconhecidos do grande público.
Entre esses autores está Benjamin Chaud, um premiado autor e ilustrador que utiliza, de forma deliciosa e algo insólita, o humor. Depois de “A Cantiga do Urso”, “As Férias do Pequeno Urso” – dois títulos com um toque de Onde está o Wally – e, juntamente com Davide Cali, os inseparáveis “Não Fiz os Trabalhos de Casa Porque…” e “Cheguei Atrasado à Escola Porque…“, a Orfeu Mini acaba de receber o seu quinto título, novamente em grande formato: “Adeus, Peúgas” (Orfeu Negro, 2017).
O herói silencioso desta narrativa dá pelo nome de Peúgas, um coelho-anão que recebeu esse nome por ter umas orelhas tão compridas que se arrastavam pelo chão como um par de meias. O (também) pequeno narrador da história não o acha assim grande companheiro de brincadeiras pois, além de não saber jogar à bola ou à apanhada, não consegue distinguir entre um cowboy e um índio. Decidido a arranjar outro melhor amigo, resolve livrar-se do coelho, abandonando-o numa floresta. Deixa-o então amarrado a uma árvore com a ajuda de um fio da sua camisola, mas cedo o arrependimento bate à porta. Porém, quando volta atrás para reparar o seu erro, nem sinal do Peúgas.
Nesta história de amizade, reencontro e descoberta, Benjamin Chaud conduz o leitor ao meio natural, lugar onde se sente em casa e que desenha com grande detalhe, trazendo para o papel o barulho das folhas a ser pisado ou do vento a assobiar por entre troncos e ramadas. Fantástica é, também, a forma como Chaud desenha os animais: aquela expressão canina, em pose a preceito numa festa de chá de água fria, merece um poster emoldurado para ser afixado em lugar de honra.
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