O que faz de um livro um bom livro? A história? A arte de narrar? A ilustração? A harmonia entre a palavra e a ilustração? A resposta não é fácil, uma vez que existem várias variáveis, teorias e interpretações, mas os leitores sabem que um bom livro é aquele que nos prende logo nas primeiras páginas. “A Volta ao Mundo em Papel” (Orfeu Negro, 2023) é um desses livros.
A história do papel já foi contada vezes sem conta, mas Martina Manyà apresenta-nos um álbum simples e elementar, criativo, poético, elegante. As palavras e imagens são usadas com parcimónia, mas metamorfoseadas em arte. Um livro belo. Belíssimo. Divertido.
“Há uma nuvem nesta folha de papel.
A nuvem traz chuva.
A Chuva rega a árvore.
Vem o Sol.
A árvore cresce.”
A narrativa cronológica deste álbum minimalista narra os segredos do nascimento de uma folha de papel, a sua história desde o Egipto ao Japão, do Norte de África à Europa. O segredo guardado a sete chaves que pouco a pouco foi sendo desvendado e que, ainda hoje, nos permite usufruir de belas folhas para ler notícias, literatura, desenhar, escrever… e ter por companhia livros… muitos livros.
As guardas, iniciais e finais, comunicam ao leitor a fonte de inspiração para este livro, em que papel foi impresso e quantas folhas foram necessárias para o fabricar. A arte de comunicar é tão graciosa que torna difícil diferenciar as informações da narrativa principal. A cumplicidade entre o texto e a imagem é consonante. Para o leitor, não há o texto e a imagem: há um todo.
Martina Manyà vive entre Lisboa e Barcelona. Na Orfeu Mini, ilustra o divertido álbum “CRAC!”, uma história pintada de cores exuberantes em que nem tudo é o que parece. O seu trabalho caracteriza-se pela mistura de diferentes linguagens, materiais e formatos.
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