É já o décimo volume das investigações do casal composto por Erica Falk, escritora, e do inspector Patrik Hedstrom, criados por Camilla Lackberg em “A Princesa do Gelo”, corria então o ano de 2010.
“A Menina na Floresta” (Dom Quixote, 2018) mantém o espírito dos anteriores volumes, conjugando uma história familiar ao nível de uma novela com uma trama policial que navega entre o passado e o presente, ainda que, neste caso, a primeira tenha ganho o destaque maior.
Neste novo livro, Nea, uma menina de quatro anos, desaparece, fazendo com que uma comunidade regresse três décadas atrás na linha temporal, quando Stella, também de quatro anos, também havia desaparecido, vindo a ser encontrada morta na floresta que rodeia Fjalbacka.
Na altura a culpa foi atribuída a duas adolescentes, Marie e Helen, hoje já mulheres que, curiosamente, estavam ambas em Fjalbacka aquando do desaparecimento de Nea. Helen nunca deixou a cidade, enquanto Marie, agora uma famosa actriz de cinema, regressou para rodar um filme.
A investigação policial está nas mãos de Patrick, que terá a sempre preciosa ajuda de Erica que, nos dias que correm, está a escrever um livro sobre o desaparecimento de Stella, tentando descobrir quem de facto a assassinou. Isto num cenário marcado pela presença de refugiados na pequena comunidade, trazendo também para estas páginas o tema da xenofobia através de um grupo de adolescentes com uma pulsante veia bully.
O mais interessante do livro acaba por ser uma história paralela que decorre no século XVII, altura em que a caça às bruxas estava em alta, e que coloca o leitor perante duas irmãs que se dão tão bem como Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira nos dias de hoje. O embrulho final, porém, deixa algo a desejar, sobretudo na forma como a bruxaria é trazida para a modernidade, ficando no ar a ideia de que Camilla se poderia ter limitado aos dois habituais universos temporais. Menos novela e mais policial, apetece dizer.
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