Se há ilustrador que tem lugar cativo no Deus Me Livro, além das medalhas e condecorações que lhe colocaríamos no bolso por serviços prestados à literatura se por cá houvesse disso, ele é sem dúvida Oliver Jeffers. Com muito espírito inventivo, sentido de humor e sobretudo génio, Jeffers tem construído uma carreira olímpica no reino da literatura infantil.
Depois de clássicos como “O dia em que os lápis desistiram”, “Presos” ou “Este alce é meu”, chega agora às livrarias “A menina dos livros” (Editorial Presença, 2017), escrito e ilustrado de braço dado com Sam Winston, uma homenagem à literatura clássica infantil onde os autores pretenderam, palavras suas, “capturar alguma da magia que acontece quando alguém se perde ao ler uma história intemporal, mas de um modo que os leitores ainda não tinham visto“.
A partir do momento em que pequenos e grandes leitores abrirem estas páginas, entrarão num território mágico pertencente à menina dos livros, que vem de um mundo de histórias que já conheceu melhores dias, mas que tentará reacender naqueles que já esqueceram um dos grandes tesouros que temos ao nosso alcance: a capacidade de, através dos livros, se poder chegar aos lugares que não se encontram em jornais, apps, smartphones ou telejornais.
Servindo-se de alguns dos grandes livros da história da literatura – “Moby Dick”, “As Viagens de Gulliver”, “A Ilha do Tesouro”, “Peter Pan”… -, Jeffers e Winston constroem um mundo feito de palavras, que aqui têm o poder de se transformar em mar e ondas, caminhos e escarpas, montanhas e nuvens, túneis escuros e monstros que guardam castelos assombrados. Um mundo construído a partir de histórias que é urgente preservar, e que recebe aqui uma das maiores homenagens que lhe poderiam ser feitas. No que toca à ilustração, estamos em território Jack Nicholson: as good as it gets.
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