Há livros pensados e concebidos para informar, divulgar, saciar a nossa curiosidade. Lídia é uma jovem que na sua escola é muito popular, porque “sabe responder na ponta da língua a quase todas as perguntas que lhe fazem, e isto quer as perguntas sejam postas por colegas, quer por professores” mas, também, por ser muito imaginativa. Lídia, a jovem curiosa, provavelmente uma excelente leitora, foi com os seus colegas de turma e a Setôra Ideias visitar a Imprensa Nacional. Uma aventura!
A visita ao edifício da Imprensa Nacional começou pela biblioteca, outrora denominada “Biblioteca da Impressão Régia”, instalada no Palácio de D. Fernando Soares de Noronha, que encantou todos que permaneceram “um bocado a olhar para as paredes e para os livros. Entre os volumes encontravam-se colecções de revistas antigas com encadernações vistosas”.
Sabemos que, actualmente, a biblioteca da Imprensa Nacional é a fiel guardiã de um acervo com cerca de 20 mil livros, incluindo os incunábulos e as primeiras edições da Imprensa Régia. A visita continua e Lídia acompanha-nos pelas várias fases históricas que atravessam a vida da Imprensa Nacional. Ficamos a saber que “dentro da impressa nacional existiu uma escola. Ou melhor: várias escolas. Na verdade, desde a sua criação, cada oficina recebia aprendizes, normalmente com 14 anos, que eram ensinados a compor, imprimir, desenhar, gravar e fabricar letras”, que a Imprensa nacional “imprimiu obras e documentos importantes que hoje nos ajudam a compreender o impacto da ocupação francesa”, ou aprendemos mais sobre o trabalho feminino entre o final do século XIX e o início do século XX.
“A Lídia no Pais das Armadilhas – A história maravilhosa da Imprensa Nacional” (Imprensa Nacional/Pato Lógico, 2019) é uma aproximação ao livro informativo. O título indica-nos o tema, o glossário surge no final. O texto é preciso, claro e rigoroso historicamente, mas a narrativa é pincelada com imaginação, dando ritmo à leitura. As imagens não são as típicas fotografias ou gráficos, que usualmente se encontram num livro informativo, mas sim ilustrações elucidativas que ampliam a compreensão do texto. Nas últimas páginas muito aprendemos sobre a evolução dos prelos, das máquinas de impressão litográficas ou da primeira geração das offset. Sempre em tons de vermelho e verde, recordando as cores da pátria.
Conhecem a Gazeta de Lisboa? Talvez não. E o Diário da República? Talvez já tenham ouvido falar ou sentido a necessidade de os consultar. A publicação da legislação oficial é hoje disseminada em formato digital, mas nem sempre assim foi. Desafia-se assim os jovens leitores a descobrirem a evolução deste boletim, assim como as capas de algumas das obras simbólicas da Imprensa Nacional. Juntem-se à Lídia neste País das Armadilhas e venham celebrar os 250 anos da assinatura do alvará pelo Rei D. José I, a pedido de Marquês de Pombal, que deu início à Impressão Régia – hoje designada Imprensa Nacional.
Luís Almeida Martins é jornalista, divulgador de temas históricos, ficcionista, guionista e tradutor. Nasceu em Lisboa em 1949 e licenciou-se pela Faculdade de Letras. Publicou os primeiros textos no Diário de Lisboa Juvenil, mas ao longo dos tempos trabalhou em vários jornais como A Capital, O Jornal, Se7e , Jornal de Letras e, em 1978, fundou a revista História. No campo da ficção é autor dos romances Viva Cartago (1983) e O Tesouro Africano (2002), e de uma biografia juvenil romanceada de Vasco da Gama (1998). Na área da televisão é autor ou co-autor de muitas séries, com destaque para A Estação da Minha Vida, Rua Sésamo e Arca de Noé.
Mantraste é o alter-ego do designer e ilustrador Bruno Reis Santos. Bruno nasceu e cresceu entre as Caldas da Rainha e a Nazaré. Com um pai pastor e uma mãe cabeleireira, diz que a sua infância é a sua maior inspiração. O imaginário popular do autor facilmente nos transporta para os locais onde viveu e o misticismo popular, que tantas vezes o perseguiu ao longo da infância, pela mão das suas avós, é uma das suas marcas.
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