Para gáudio dos pequenos-grandes leitores, a Kalandraka continua a publicar a obra do mestre Eric Carle (n. 1929), autor de mais de 70 livros, que começou a ilustrar em 1967 depois de trabalhar largos anos como director de arte numa agência publicitária.
Após a edição de “Queres brincar comigo?”, “Papá, por favor, apanha-me a Lua” e “A lagartinha muito comilona”, segue-se agora “A joaninha remungona” (Kalandraka, 2019), um livro dedicado a todas as joaninhas que comem os pulgões, uns insectos muito pequenos que sugam o sumo das folhas causando a morte destas.
Logo a abrir, assiste-se a uma discussão entre uma joaninha simpática e outra tremendamente resmungona, que prefere lutar a dividir um manjar de pulgões que passeiam descontraidamente numa folha – sem saber do destino trágico que os espera. A resmungona acaba por decidir que a simpática não é, de todo, uma adversária à sua altura, e parte assim em busca de guerrilhas mais entusiasmantes.
A partir daqui, Carle envolve os leitores na sua magia, num livro com ar de um pequeno arquivador onde há separadores divididos por horários, numa história onde esta resmungona vai encontrando e descartando adversários, tais como vespas e besouros, até descobrir quem lhe possa fazer frente.
Outro pormaior deste livro é o facto de o texto ir aumentando de tamanho, consoante o avançar dos ponteiros e o aumento de peso e altura dos adversários da resmungona.
Um enorme livro-objecto, onde Carle usa uma vez mais um método muito pessoal – à base de papéis pintados à mão, que depois transforma em imagens cheias de cor -, mostrando que, por vezes, tudo não passa de uma questão de garganta – ou, reinventando a sabedoria popular, joaninha que resmunga não morde.
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