Autor, ilustrador e realizador de animação, Benji Davies estreou-se na literatura para crianças em 2014 com o livro “A Baleia”, onde assumiu a dupla tarefa de escrever e ilustrar. O livro, que levou para casa o Oscar`s First Book 2014, foi escolhido pelo Deus Me Livro como o melhor livro infantil do ano de 2016, ano da sua publicação em Portugal. Uma história muito bem montada sobre a amizade, o isolamento, a família e os possíveis novos começos, acompanhada de ilustrações de cortar o fôlego, onde se encontravam uma grande atenção ao detalhe, um perfeito equilíbrio entre as cores, um fantástico jogo de profundidades e uma utilização sublime do contraste entre a luz e as sombras.
Recentemente chegou às livrarias portuguesas o segundo livro assinado por Davies, intitulado “A Ilha do Avô” (Orfeu Negro, 2017) – vencedor do AOI World Illustration Award 2015 -, uma história carregada de afecto sobre a relação entre um avô e o seu neto, até ao momento em que surge o inevitável dia da separação.
Situada ao fundo do jardim, a casa do avô do Cid tem sempre uma chave escondida debaixo do vaso de flores, para que este possa lá entrar sempre que lhe apetecer. Um dia, o avô decide levá-lo até uma ilha mágica, que surge retratada por Davies com desenhos que se contemplam quadros urbano-naturalistas, repletos de pormenores, passíveis de serem admirados durante horas de modo a se absorver todas as histórias que contam.
É nessa ilha que o avô se pretende estabelecer, deixando para trás a vida na cidade e o neto às portas da idade adulta. Com a mesma ternura expressa em “A Baleia”, Benji Davies escreveu uma história sobre o crescimento, as heranças emocionais, a formação da personalidade, os ensinamentos ganhos e conquistados pela acção de outros em nós e, também, sobre a inevitabilidade da morte, ainda que esta surja nas entrelinhas desenhada num quase invisível sumo de limão. Mais um livro incrível com a assinatura de Benji Davies.
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