“A História de Julião, o Melro-Poeta” (Minotauro, 2018) testemunha que há amigos improváveis. Julião, o melro da floresta, ambiciona ser poeta, falar “em verso, com rimas e tudo”. Até porque o seu discurso disparatado e incoerente, “falha completamente a missão de maior alcoviteiro da floresta”. Há quem o ache um trapaceiro, um palerma, mas Julião afirma várias vezes: “posso parecer trapalhão, mas não sou pateta”. Será precisamente através de uma destas trocas de palavras que conhece o sapo Edgar, que espera que “o feitiço se quebre e ele possa não só retomar a forma humana, como escalar na hierarquia social e entrar directamente para a corte”.
As aventuras da floresta são por ambos abandonadas, rumando ao Alentejo, mais propriamente ao festival de poesia em “Cromeleque dos Almendres, nos arredores de Évora”, em busca de uma vitória para reconquistar a mãe adoptiva de Julião, a coruja D. Olga. No caminho, novas aventuras se sucedem e outros amigos são feitos, como a Zé-Zé, a mosca do sono, “uma ilustre descendente do mais antigo ramo das moscas tsé-tsé”.
A certa altura, a mosca que cai redonda a dormir a cada passo, um melro que mais do que tudo quer ser poeta e um sapo convencido de que é realeza tornam-se amigos improváveis, apreciando o companheirismo e o respeito. Quanto ao festival de poesia revela-se um sucesso: “não houve animal que não se tivesse rido às gargalhadas”, o Julião foi aplaudido e “Edgar e a Zé-Zé estavam perplexos”.
“A História de “Julião, o Melro-Poeta” foi vencedor do Prémio Matilde Rosa Araújo, um projecto que tem vindo a ser desenvolvido pelo Município da Trofa com o apoio do Instituto Camões. O Prémio visa divulgar autores portugueses amadores que não tenham nenhum livro publicado, fomentando a escrita criativa e a valorização da expressão literária, bem como a criação e a consolidação de hábitos de leitura e escrita.
Sofia Fraga nasceu em Lisboa, em 1981. Licenciou-se em História na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, mas foi no mundo editorial, em que trabalha há mais de uma década, que descobriu a sua paixão.
Helder Teixeira Peleja nasceu em Beja, em 1978. Foi professor, mas por volta de 2013 pensou que deveria dedicar mais tempo à sua paixão de criança e à tentativa de encontrar o seu espaço na área das Artes. Desde então frequentou vários workshops de ilustração e banda desenhada no Ar.Co e uma Pós-Graduação em WebDesign na ESTAL (Escola Superior de Tecnologia e Artes de Lisboa). Nos últimos tempos, para além de desenvolver trabalhos em algumas das variantes da ilustração (retrato, caricatura, ilustração infantil), tem conseguido algum destaque, principalmente na área do cartoon.
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