Está de regresso M. J. Arlidge e, com ele, a Inspectora Helen Grace, fã de Tinder, adepta da adrenalina e da dor para combater a ansiedade e com um passado tão negro que não seria de desdenhar que, no universo Harry Potter, o Chapéu Seleccionador a atirasse sem receio para a equipa dos Slytherin.
Conhecido no reino policial por manter um ritmo acelerado e criar um ambiente com muita tensão e algum espírito ligado aos filmes de terror, Arlidge mantém a fórmula neste “A Floresta do Mal” (Topseller, 2019), o oitavo livro da série publicado em Portugal – que sucede a “Mal Me Quer”.
Tudo começa quando Tom, um jovem entre os 20 e muitos e os 30 anos, é encontrado morto, “pendurado nos ramos de um carvalho no meio da clareira, com um esgar de terror. Os pés do homem tinham sido atados juntos e depois a corda fora enlaçada num ramo grosso, içada e presa ao tronco, para que o corpo despido e brutalizado ficasse suspenso de pernas para o ar, com os braços abertos a tentarem desesperadamente a chegar ao solo em baixo. O homem parecia uma estranha peça de fruta, manchada de sangue e sem vida, pendurada nos velhos ramos”, com três setas a saírem de ferimentos profundos no peito, pescoço e costas. Uma encenação brutal que consegue deixar a calejada inspectora à beira do vómito.
O crime teve lugar num parque de campismo, localizado numa floresta onde está prevista a construção de uma nova sede de uma empresa ligada a produtos petroquímicos e petrolíferos, empresa à qual Tom pertencia. Pouco tempo depois um novo crime tem lugar, na mesma floresta e com o mesmo tom cénico, sendo também descobertos cavalos selvagens abatidos a sangue-frio.
Entre suspeitos mais óbvios, uma ligação ao seu passado que queria evitar e um novo inspector chamado Joseph Hudson, que a anda a espiar, Helen Grace tem ainda de entrar no mundo das lendas, apesar de achar a história demasiado rebuscada para a colar à investigação. Uma história ligada a William Rufus, filho do famoso Conquistador, que havia sido morto por uma flecha naquela mesma floresta.
Arlidge cumpre bem o seu papel de manipulador, conduzindo o leitor numa investigação com muitas sinuosidades e um twist bem desenhado, fazendo desfilar outras personagens que acompanham Helen Grace na sua dura travessia: Charlie, a colega que tem uma filha com constantes pesadelos; Emilia Garavita, a jornalista que foi raptada por um assassino em série aterrorizou Southampton ao longo de 24 horas; ou Grace Simmons, a superintendente já na casa dos 60 anos, que, depois do homicídio dos pais de Helen e de esta ter passado por vários lares de acolhimento, foi a mentora de Helen quando esta decidiu fazer carreira nas forças policiais. Para os fãs de Arlidge mora aqui mais um bombom.
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