Não é, como alguém mais dado ao futebol possa pensar, o lançamento do mais concorrido derby lisboeta, que conseguiu transformar uma pequena localidade n`“A Aldeia Verde e Vermelha” (Tcharan, 2020).
Esta é a história de uma aldeia que ficava no meio de um vale, acessível “por um desfiladeiro de pastos frescos e oliveiras centenárias, rodeado por montanhas de argila”, e que tinha uma noção clara e uma concórdia absoluta de que “o vermelho do fruto e o verde da rama renovavam os laços”, fazendo da manutenção da ordem cromática uma lei que, de tão inquestionável, nem precisava de ser escrita.
Tudo muda de figura quando uma família surge no vale, com cada um dos membros do casal a querer viver num lado diferente. No armazém de peças e um pouco à pressa montam uma casa contra todas as regras e convenções, usando “uma porção de peças azuis e um punhado de peças amarelas entre uma série de peças verdes e peças vermelhas”. A população indigna-se contra esta afronta colorida, mas a verdade é esta: a mudança já começou.
Com texto de Paulo M. Morais e ilustrações de Sandra Sofia Santos, “A Aldeia Verde e Vermelha” aborda o medo da novidade e da mudança e a não aceitação da diferença, mas também o desejo de renovação, a necessidade de renascimento e a aceitação de novos desafios. As ilustrações captam na perfeição estes dois mundos que tirando a cor não sejam assim tão diferentes, bem como a revolução cromática que se começa a instalar, feita de pinceladas sobre formas e rostos.
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