«Não cheguei a conhecer Siobhan Down. Conheço-a apenas da forma como a maioria dos leitores a conhecerão: através dos seus magníficos livros. Quatro romances electrizantes para adolescentes, dois publicados em vida, dois após a sua morte prematura. Se ainda não os leram, têm de o fazer imediatamente.»
As palavras do parágrafo anterior pertencem a Patrick Ness, na nota introdutória a “Sete minutos depois da meia-noite” (Editorial Presença, 2015), livro inspirado numa ideia original da escritora Siobhan Down – e a ela dedicado – que morreu de cancro em 2007, deixando para trás uma escassa mas recomendada obra.
Diz-se que todas as histórias começam por “era uma vez…” o que, neste caso, está muito longe da verdade e sobretudo do espírito. É, antes, um cartão-de-visita a um mundo habitado pelo fantástico e por acontecimentos inesperados: «O monstro apareceu passava pouco da meia-noite. Como sempre acontece com os monstros.» Sete minutos depois, para sermos exactos.
O herói da nossa história chama-se Conor, um rapaz na fronteira da adolescência que teve de deixar a meninice de lado para cuidar da mãe, que (re)iniciou tratamentos contra uma poderosa doença.
Conor é um daqueles miúdos que na escola passa por invisível, a não ser quando os acessos de visibilidade implicam ser atacado por Harry e os seus comparsas, antigos amigos que agora o tratam com desprezo e ódio. Apenas Lily parece tentar trazer alguma luz à vida de Conor, o que ainda assim está longe de lhe tornar a vida mais fácil.
Quando o monstro do pesadelo que Harry tem tido quase todas as noites ganha vida, tomando a forma de um gigantesco e desordenado teixo, traz consigo o perfume bafiento dos tempos, um ar rude, selvagem e perigoso e um desafio em forma de ameaça velada: depois de contar a Conor três histórias, o monstro quer ouvir da boca deste uma quarta, que será – diz para Conor – «aquela que escondes, Conor O’Malley, e aquilo que mais receias.»
Para além do monstro, Conor terá de lidar de perto com a sua avó, uma mulher – segundo ele – extremamente invulgar, que «usava fatos de calça e casaco feitos à medida, pintava o cabelo para tapar os brancos, e dizia coisas que não faziam qualquer sentido.» Mas estará ele pronto para enfrentar a verdade exigida pelo monstro, assim como a inevitabilidade de ter de passar mais tempo com a avó até a mãe estar curada?
Acompanhado de ilustrações a preto e branco, habitadas por fantasmas, pesadelos e um terror – a espaços – profundo, “Sete minutos depois da meia-noite” é uma história de uma beleza tocante que, com elegância e profundidade, aborda temas profundos da existência e da finitude humanas. Não esquecendo, porém, de lançar alguns raios de esperança, pintados da cor de uma noite cerrada preenchida com escassas e tímidas estrelas. Magnífico.
7 Commentários
Onde poderia baixar esse livro?
Poderá comprá-lo em qualquer livraria ou através do site da editora: http://www.presenca.pt/livro/sete-minutos-depois-da-meia-noite/
Quais são os 4 livros de Siobhan Down e onde encontrá-los no Brasil. Muito obrigado!
Caro Wagner, pedimos desculpa mas não estamos por dentro do mercado editorial brasileiro.
Conheço o sentimento do Sr. Patrick Ness com relação à Siobhan Down.
Stieg Larsson marcou minha vida sendo um dos autores que mais influenciou o meu interesse pela leitura. É muito triste perdê-los!!!
E, Pedro, ótimo trabalho apresentando o livro Sete minutos depois da meia noite. Já quero ler!
Um filme maravilhoso com grande elenco. Eu adoro muito os livros por as histórias e sem dúvida quando vi 7 Minutos Depois da Meia Noite filme já queria assistir e agora é um dos meus preferidos. Li o livro em que esta baseada faz alguns anos e foi uma das melhores leituras até hoje, e sem dúvida teve uma grande equipe de produção. É muito inspiradora, realmente a recomendo.
[…] SETE MINUTOS DEPOIS DA MEIA NOITE […]https://ursopreto.com/2016/09/100-melhores-filmes-lancados-em-2016.html