Alguns meses depois dos acontecimentos descritos na novela de estreia de Asa Larsson, Rebecka Martinsson apresenta-se em “Sangue derramado” (Planeta, 2014 – edição de bolso) bastante débil psicologicamente, afectada ainda pelo sucedido em “Aurora Boreal”. O seu trabalho na firma de advogados ressente-se disso mas, aproveitando a notoriedade entretanto alcançada, assume um papel de relações publicas, ligando-se a casos mais mediáticos sem chegar a intervir nos mesmos.
Ser objecto da curiosidade de clientes e colegas de profissão é outro factor perturbante, que a remete para um constante relembrar de factos traumáticos. Através de um colega de firma surge a hipótese de se “refugiar” numa casa de campo, mas isso não a afastará de mais uma série de ocorrências sombrias. Quando a inspectora Anna-Maria Mella encontra num novo caso semelhanças que a fazem julgar estar perante um efeito “copycat”, reclama pelo seu auxílio.
Os efeitos do crime numa comunidade pequena e conservadora é um dos pontos mais interessantes e bem explorados pela autora, que aproveita esse cenário para incorporar temas de cariz mais sexista, presentes na morte da mulher “padre” que afrontava mentalidades e ameaçava romper laços comunitários mais que profundos, familiares.
Não se espere que a história contada nestas páginas esteja repleta de acção fulgurante, pois também não é esse o propósito. Será mais como as pessoas: repletas de imperfeições e de pequenos/grandes dramas individuais.
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