Um artista desalinhado, que se move nas sombras e no anonimato entre o activismo social, o humor e a sátira. A última frase, ainda que curta, poderia servir para descrever Banksy, o artista de rua anónimo que se tornou num fenómeno à escala planetária, deixando obras em várias cidades do mundo que, ainda que possam ter estado visíveis – ou não vandalizadas – durante um curto espaço de tempo, ficaram registadas para a posteridade.
Banksy assinala, no mundo da arte de rua, a passagem do graffiti a spray das letras estilizadas para os elaborados stencils. Tendo como alvos prioritários os governos, as polícias, a guerra, a morte do sonho infantil ou a pobreza, Banksy conferiu ao graffti o estatuto de arte, conseguindo também, com as suas brincadeiras inteligentes, um estratagema para vender obras de arte no (des)conforto do anonimato – apesar de serem já muitas as teorias sobre a sua verdadeira identidade.
“Planeta Banksy” (Vogais, 2015), com prefácio e texto de KET – também ele um artista de rua -, apresenta, além do próprio Bansky, o trabalho de outros artistas – todos eles activistas – que têm conseguido aliar o talento à disciplina, partilhando ideias que visam propiciar a felicidade, a tomada de consciência e a atenção para com o que de mau, estranho ou injusto se passa no mundo.
Num livro essencialmente gráfico, em que cada capítulo é precedido por um pequeno texto de enquadramento do tema, há anjos e demónios, animais que se passeiam por selvas urbanas, caras famosas, momentos de humor, trocadilhos sobre a lei e a ordem, imagens sobre os sinais dos tempos e interrogações sobre a guerra e a paz.
Cada foto tem também uma legenda, identificando o artista, o título dado à obra, a cidade e o país onde foi feito, bem como o ano – além de identificar os autores das fotografias. Uma magnífica compilação de trabalhos, que mostra o que de melhor e mais significativo foi feito no que diz respeito à arte urbana em todo o planeta. Da próxima vez que saírem à rua na companhia de latas de spray, os aspirantes a artista de rua deveriam passar antes os olhos por este manual do bom graffitar, a fim de evitarem cobrir as paredes das cidades de desenhos, rabiscos e palavras fúteis ou insignificantes.
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