Como que querendo dizer que isso das trilogias é coisa de meninos, Jeffrey Archer decidiu contar a saga dos Clifton – The Clifton Chronicles no original – em nada mais nada menos que sete volumes, cinco deles já editados fora de portas. Para os leitores portugueses, a publicação desta saga familiar começou no ano passado com o recomendado “Só o Tempo Dirá”, a que se seguiu a recente edição de “Os Pecados do Pai” (Bertrand, 2015), o segundo livro que mantém viva a arte de contar histórias do escritor inglês.
A história retoma no ponto em que tinha ficado no anterior livro, quando Harry Cliftton, na esperança de fugir a um mais que certo escândalo familiar, se havia alistado na marinha mercante, aproveitando o facto de o navio em que ia a bordo se ter afundado para assumir uma outra identidade, enterrando definitivamente o seu passado.
Porém, quando chega aos Estados Unidos, percebe que talvez a mudança de identidade não tenha sido a melhor opção – ou, visto de outro ângulo, foi alvo um azar em mil. Vestindo a pele de Tom Bradshaw, Harry é preso por homicídio qualificado, acusado de matar o irmão. Em vez dos seis meses de prisão prometidos pelo advogado Sefton Jelks, que lhe oferece os seus serviços a troco de nada, Harry acaba condenado a seis anos numa prisão pouco simpática.
Do outro lado do mundo, Emma Barrington recusa-se a acreditar que Harry morreu, aquele que é o seu grande amor e, talvez, também meio-irmão. Decidida a descobrir se o seu pressentimento é algo mais do que isso, Emma desenha um plano meticuloso e embarca para os Estados Unidos, deixando o filho – seu e de Harry – entregue aos cuidados dos avós.
Para além de Harry e Emma, “Os Pecados do Pai” apresenta uma galeria recheada de personagens entusiasmantes: Lloyd, o bibliotecário preguiçoso e desonesto, para quem o trabalho consiste em beber café fresco, ler o jornal e fazer palavras cruzadas (nunca as conseguindo completar); Hessler, o terrível guarda-prisional, que terá por Harry um ódio de estimação; Gilles Barrington, o melhor amigo de Harry que, depois de uma conversa escutada atrás da porta, irá optar por um alistamento forçado; Maisie Clifton, que entre a reconstrução da vida se vê a braços com três pretendentes em simultâneo; ou Hugo Barrington, um inútil mas perigoso milionário que, depois de uma fuga estratégica – ou entre as pernas -, aguarda uma morte para regressar e tomar conta de uma imensa fortuna.
Ao ler “Os Pecados do Pai”, o leitor sentir-se-á transportado para o mundo das séries de época britânicas, torcendo pelos bons ao mesmo tempo que vai roendo as unhas desejando que os vilões tenham toda a má sorte que merecem. Mora aqui uma telenovela de qualidade, um romance de aventuras em formato HD que oferece ao leitor o puro prazer da leitura.
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Já estou ansiosa esperando o terceiro livro