Era desta forma que Irma Pince, a bibliotecária de Hogwarts, descrevia o estado e a utilização de “O Quidditch Através dos Tempos” (Editorial Presença, 2015 – reimpressão), um dos livros mais populares da imensa biblioteca escolar posta ao serviço de Potter, Hermione e companhia: «Folheado sem cuidado, sujo com cuspo e maltratado de uma forma geral.»
Aliás, foi com muitas reticências que Irma deixou que este exemplar fosse reproduzido para ser consultado por adeptos do Quidditch à escala global – muggles incluídos -, correndo rumores de que existem armadilhas e, sobretudo, a Maldição do Ladrão à espreita daqueles que se aventurarem a abrir as suas páginas. O risco, porém, vale a pena ser corrido.
Escrito por Kennilworthy Whisp – pseudónimo escolhido por J. K. Rowling – a partir do universo Potteriano, começamos por ler sobre a evolução da vassoura voadora, não sem antes termos a resposta a um enigma que tem preocupado muito boa gente: «Porque motivo teria sido a humilde vassoura o único objecto legalmente autorizado como meio de transporte dos feiticeiros?»
A viagem enciclopédica segue de forma cronológica, recuando aos tempos em que Gertie Keddle, uma feiticeira não prendada com a boa-disposição, escreveu pela primeira vez sobre este desporto que se viria a tornar de milhões: «um autêntico disparate.»
Saberemos também que, antes do aparecimento da Snitch Dourada, o desporto implicava a morte de um pequeno pássaro, que acabou por se tornar uma espécie protegida. Foi graças a um feiticeiro especialista em encantamentos sobre metal que se pôde continuar a praticar um desporto que começava a ser olhado com maus olhos pelos defensores dos animais e pelo público em geral – uma espécie de tourada da feitiçaria.
Mas há muito mais neste pequeno livro sobre o Quidditch: as alterações do jogo ao longo do tempo nas várias vertentes – o campo, as bolas, os jogadores, as regras e os árbitros; as melhores e mais respeitadas equipas da Irlanda e de Inglaterra; a difusão do desporto pelo mundo; o desenvolvimento das vassouras de corrida, desde a mais vulgar à artilhada Twigger 90; um retrato do que é o Quidditch nos dias de hoje e uma lista das jogadas mais espectaculares a que poderemos assistir. Fica, porém, um aviso de amigo: por muito que gostem deste desporto, não tentem praticá-lo em casa.
De referir que as receitas do livro revertem a favor da Comic Relief, uma instituição de solidariedade dedicada a ajudar os mais necessitados.
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