«Alguns livros, defendo muito, são produtos de farmácia, deviam ser receitados nos hospitais e trazer bulas detalhadas que responsabilizassem os cidadãos para a urgência de ler.» Estas palavras fazem parte do prefácio, escrito por Valter Hugo Mãe, para a nova edição portuguesa do livro “O Principezinho” (Porto Editora, 2015), trazida com todo o esplendor pela mão da Porto Editora.
A história é sobejamente conhecida e são muitos os adultos que a citam como um dos livros da sua vida. Dar a ler “O Principezinho” às gerações que se vão seguindo é uma das suas particularidades, porque esta é uma história que apetece partilhar, dar a conhecer, falar sobre, citar, encontrando nas frases e nas acções impulsos para a rotina e para a vida.
Pela primeira vez, o encontro no deserto do Sara entre um aviador e um menino que lhe pede para desenhar uma ovelha é oferecido aos leitores portugueses tal e qual como o autor, Antoine de Saint-Exupéry, o escreveu e entregou à editora americana em 1943. Um trabalho minucioso de investigação, tradução e revisão linguística, trazendo à superfície a genuinidade da obra, em termos de texto e ilustrações – estas, igualmente, feitas por Saint-Exupéry.
Voltando com esta força aos lugares de destaque das livrarias, este é o momento certo para que “O Principezinho” seja relido por todos os que se deixaram influenciar pela sua carga filosófica e poética na adolescência e juventude. Porém, esta é também a oportunidade para que novos olhos e novas mentes se deixem conquistar por um livro que, como tão bem descreve Valter Hugo Mãe no prefácio, «é uma reclamação de liberdade, um manifesto de dignidade que funciona pela sua simplicidade aparente.» Simplicidade essa que, a par dos desenhos que aqui e ali acompanham o texto, facilmente etiquetam a história como livro para crianças. No entanto, estas são palavras transversais e universais: este livro está traduzido para mais de duas centenas de línguas, sendo vendido e lido ininterruptamente desde 1943 até aos dias de hoje.
Em Portugal, “O Principezinho” é leitura obrigatória no 6º ano de escolaridade, indicada pelas Metas Curriculares de Português e pelo Plano Nacional de Leitura. Para todos, em geral, esta é uma história obrigatória no caminho para a felicidade, especialmente num tempo em que urge acreditar, em que se apela à esperança, em que se busca por uma criança de cabelos de ouro capaz de nos relembrar o valor do que realmente importa.
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