Quando se esperava tranquilamente pela conclusão da trilogia inicial da saga Mistborn – Nascida nas Brumas, eis que a Saída de Emergência troca as voltas ao leitor e, à semelhança do que tem feito com as Crónicas do Gelo e do Fogo de George R. R. Martin, transforma um único volume em dois, mandando também às urtigas o grafismo das anteriores capas tão bem conseguidas.
A pensar naqueles que poderiam ter-se esquecido do nome de tantos metais e de uma história que já conheceu tantas reviravoltas, Brandon Sanderson oferece em “O Herói das Eras” (Saída de Emergência, 2015) um acutilante sumário dos anteriores livros, contando-nos o que se passou até um ano antes da narrativa, altura em que Vin, Elend e companheiros conseguiram salvar a cidade de Luthadel de um massivo ataque dos Colossos, ainda que, para tal, perdessem as suas vidas algumas das mais fascinantes personagens da saga.
Para pôr fim ao Império Final, Vin matou o Senhor Soberano, mas viu-se enganada acabando por libertar a entidade que estava aprisionada no Poço da Ascensão, e que chama a si própria de Ruína. É ela que controla as Brumas, que agora perderam a vergonha e também de dia aparecem e tragam vidas, mas também Marsh e os outros inquisidores de aço, incapazes de ir contra a manipulação a que estão sujeitos por esta força suprema. Força que procura algo que a faça sentir completa, uma missão entregue a Marsh.
Quanto a Vin e Elend, viajam pelo Reino em busca das cinco cavernas escondidas, criadas pelo Senhor Soberano a pensar no dia em que as cinzas voltassem a cair incessantemente dos céus e os terramotos abalassem o mundo. Em cada um dessas cavernas, para além de mantimentos suficientes para alimentar uma grande cidade durante alguns tempos – mas não o Reino inteiro -, O Senhor Soberano deixou um escrito sobre algum dos metais ou poderes. Vin e Elend esperam que, na última das cavernas, esteja escrito algo que lhes revele uma forma de superar a Ruína, trazendo de volta a paz que nenhum deles conheceu em vida. O problema está no facto de a quinta das cavernas estar guardada a seta chaves, e nem toda a diplomacia do mundo parece conseguir evitar uma guerra certa.
Para além de um final que deixará o leitor com a pele arrepiada, Sanderson revela ainda de onde vêm os colossos, centrando partes da narrativa em personagens como TenSoon, um kandra que quebrou o seu contrato ao matar o seu amo humano – além de ter revelado a Vin o segredo mais bem guardado do seu povo – e que, prestes a ser condenado a uma tortura de décadas de definhamento, tenta que os kandra saiam dos seus refúgios para ajudar a combater o mal que tomou conta do mundo. Ou de Sazed, o terrisano nomeado por Elend o embaixador principal do Império, que depois da morte da sua amada abandonou qualquer fé, certo de que nenhuma das centenas de religiões da qual é uma espécie de guardião e profeta tem reservado para o homem qualquer alento. Mais um grande livro de uma saga que é do melhor que já se escreveu no domínio da literatura fantástica.
Outros textos da saga Mistborn – Nascida nas Brumas:
“O Império Final” – Livro 1
“O Poço da Ascensão” – Livro 2
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