Os nórdicos, no seu mundo recolhido pelo frio e pela neve, atingiram já a pool position na literatura designada por “género policial”. O reconhecimento a uma dimensão grandiosa surgiu definitivamente com Stieg Larsson, mas já antes haviam aparecido alguns notáveis como Henning Mankell e, mais recentemente, nomes como Camilla Lackberg e Jo Nesbo cimentaram o policial como algo que decididamente veio do frio.
Com eles entrámos nas casas suecas, dinamarquesas e nações vizinhas, acedendo aos seus hábitos do quotidiano, às ilhas de veraneio, mas também às políticas sociais, de justiça e saúde, que vão mudando as vidas e os destinos das pessoas.
Em “O Guardião das Causas Perdidas” (Editorial Presença, 2014), de Jussi Adler-Olsen, conhecemos o detective Carl Morck, um homem atormentado pelos acontecimentos mais recentes da sua carreira, sempre incómodo para os que o rodeiam. A hierarquia encontra uma forma”criativa” de o afastar da ribalta com uma promoção para dirigir o Departamento Q, acabado de criar com o objectivo de resolver o insolúvel de entre casos inacabados e arquivados.
O primeiro caso é de peso, nada mais do que o desaparecimento de Merette Lynggaard, deputada em ascensão, desaparecida durante uma viagem de barco há cerca de cinco anos. Para além de acompanharmos o processo dedutivo de Carl Morck, a sua procura persistente contra a corrente da anterior investigação e a exploração de outras pistas, travamos conhecimento com outro mistério: Assad, o seu colaborador, indicado apenas para a limpeza e manutenção do departamento mas cujos múltiplos talentos se vão revelando ao longo do livro.
Espera-se agora com muito entusiasmo e a passadeira vermelha estendida pelo próximo livro do Departamento Q, uma leitura que se vive em passo acelerado e até oferece alguns sprints, tornando-se difícil apagar a luz mesmo quando a noite já vai avançada.
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