Aquele que foi livro do ano em 2013 para o conceituado Financial Times não procura oferecer respostas; afirma mais, até como o próprio nome indica, o fim de algo. O poder não é uma coisa tangível nem finita mas, segundo o autor, a sua mutação tem períodos mais ou menos concretos e delineados temporalmente.
Partindo das recentes crises que assolaram a economia Norte Americana e Europeia, Moisés Naím desenha em “O fim do poder” (Gradiva, 2014) um quadro de mudança global, onde o poder pouco a pouco terá mudado de mãos, ainda que, esse sentimento, não seja propriamente o mais popular.
A queda do muro de Berlim, o final da guerra fria e de alguns estados tiranos do leste Europeu, o surgir da «world wide web», aceleraram o processo num continente que ainda estava em grande parte amarrado, alastrando pouco a pouco essas mudanças para o resto do globo, em parte graças ao crescimento das economias, da produção e abaixamento dos níveis de pobreza.
Porém, a União Soviética convalesceu e, depois do 11 de Setembro, nada mais foi igual no que respeita à forma como se travam batalhas no cenário de guerra; a China afirmou-se e outros procuram fazê-lo através da força e dos programas de energia nuclear (Irão e Coreia do Norte); a Europa encontrou finalmente uma figura “Hitleriana” aglutinadora que, sem recorrer à guerra nem às chacinas étnicas (valha-nos isso, ainda que o tratado de Schenguen e a imigração do norte de Africa já vá causando algumas «comichões»), domina o velho continente a partir do seu núcleo; a Inglaterra, sabiamente, preferiu adiar ad eternum a adesão à moeda única, rejeitando beijar a mão á chanceler Alemã e honrando a independência tão arduamente conquistada por sir Winston Churchill que, certamente, repetiria com agrado uma de entre as suas muitas célebres frases: «Attitude is a little thing that makes all the difference».
A igreja procura recuperar tempo e espaço, reiterando os valores mais sacramentais para primeiro plano e arrumando no “armário” as vestes ricas em ouro que foram a sua imagem por séculos. Esquecendo por momentos a figura nacional mais importante no domínio eclesiástico (Fátima), quase parece que entrámos num período de “Floribelização”…
Os produtores e revendedores de petróleo não estão propriamente na penúria e, de África, chegam diariamente as imagens mais deprimentes que já nem merecem tempo de antena, tal é o seu grau repetitivo. O sistema democrático tornou-se antiquado e padece de imutabilidade, favorecendo os partidos políticos estabelecidos que serão os últimos a questioná-lo. O que mudou então?
O autor parece querer olvidar estes factos e, apoiando-se no seu passado como político, centra as atenções na “primavera árabe” e na necessidade de «repensar os partidos políticos, modernizar os seus métodos de recrutamento e reformular a sua organização e operações…», como a base para o progresso e efectivação dum poder menos concentrado e mais virado para as pessoas.
Tal seria possível através do aumento da literacia e do surgimento de plataformas como a internet (para os mais jovens convém relembrar que o seu acesso em jeito global, só se deu no principio dos anos 90), hoje em dia um bem comum.
Só que os efeitos não parecem ser imediatos e, enquanto houver quem negligencie a forma em favor do dinheiro, as revoluções e o poder passam de mão, enquanto tudo o resto vai ficando mais-ou-menos na mesma.
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