Ler o “O Exército Furioso” (Porto Editora, 2014), de Fred Vargas, é a hipótese que temos para reencontrar o Comissário Adamsberg, especialmente para quem o vem seguindo – nada de “stalking”, claro, apenas por admiração e entusiasmo pelo seu estilo bem peculiar transmitido desde “Um Lugar Incerto”, “A Terceira Viagem e “Vai e não voltes tão depressa”.
Adamsberg é um homem que se sente desafiado, tanto pela descoberta do responsável por uma série de homicídios como por identificar a pessoa capaz de condenar um pombo a uma morte lenta atando-lhe as patas. Em “O Exército Furioso”, o Comissário começa por investigar a morte suspeita de uma mulher que rapidamente resolve – foi asfixiada pelo marido de longa data com miolo de pão. Um início soberbo.
Entretanto é procurado por uma estranha mulher que lhe pede que impeça a morte anunciada de várias pessoas pelo Exército Furioso. Este exército não é nada mais do que a designação de uma lenda medieval, em que um grupo de cavaleiros mortos e de aparência assustadora regressa para fazer justiça – elimina pessoas indesejáveis. Em cada geração da população de Ordebec, povoação da região da Normandia, há apenas um eleito/escolhido capaz de ver o exército.
As mortes começam e Adamsberg muda-se para a Normandia. A acção desenvolve-se em várias frentes e vemo-lo a comandar a sua excêntrica brigada, composta por um narcoléptico, uma enciclopédia ambulante ou um naturalista, entre outras preciosidades. Conta ainda com a ajuda do seu filho adulto que conhece há cerca de sete semanas. Um grupo invejável.
Em “O Exército Furioso” temos um imaginário com personagens entre o bizarro e o excêntrico, pinceladas aqui e acolá da história dos tempos napoleónicos e sons e ambientes dos campos da Normandia. A rendição – para o leitor – é absoluta.
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