Foi na muito bem frequentada Rua Sésamo que Mo Willems começou a sua carreira, série pela qual recebeu seis prémios Emmy como argumentista. A sua criação maior chegou depois em nome próprio, um pequeno pombo azulado que vendeu mais de sete milhões de livros no planeta – todos os volumes publicados chegaram a best-seller do New York Times.
Não se deixem, porém, enganar pelo seu ar fofinho. Como poderão comprovar pelos dois títulos da já mítica série “Não deixes o pombo…” lançados agora pela Booksmile, o pombo tudo fará para que o leitor ceda aos seus caprichos, e não lhe faltam artimanhas e sobretudo conversa para isso.
Em “Não deixes o pombo guiar o autocarro”, o motorista atribui ao leitor uma missão de responsabilidade extrema: tomar conta do autocarro enquanto ele vai dar uma volta. O pombo, pressentindo a aberta, chega empolgado e com muita lábia, tudo fazendo para deitar as mãos ao volante: tentativas de suborno, promessas de não danificação da propriedade alheia, laivos de insanidade. No final, a esperança irá persistir. Afinal, como diz a sabedoria popular, “água mole em pedra dura…”.
Quanto a “Não deixes o pombo ficar acordado”, o leitor vê-se perante a clássica situação de, mesmo dominado pela fadiga, o pombo não se querer ir deitar – caberá a quem ler estas páginas o papel de babysitter. As razões para a recusa da horizontalidade – expressão não muito aplicável ao pombo – são variadas: não está cansado, há um programa sobre pombos a passar na TV, está uma boa noite para pôr a conversa em dia, tudo isto intercalado com muitos bocejos e o pedido constante de “só mais cinco minutos”.
Com ilustrações simples e um traço que nos traz à memória os caminhos dos lápis de cera, Mo Willems recria, através de um simpático pombo, situações pelas quais todos passámos enquanto crianças ou, em paralelo, que vamos vivendo enquanto pais. A boa disposição está garantida.
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