“Harry Potter e o Príncipe Misterioso” | J. K. Rowling

No mundo dos muggles, o primeiro-ministro inglês enfrenta uma forte oposição depois de uma ponte partida ao meio – para a qual não consegue encontrar qualquer explicação -, num acidente onde uma dúzia de carros acababou mergulhada nas profundezas do rio. Antes disso, já um ciclone e um uma série de homicídios haviam lançado o pânico junto da população londrina, exigindo uma rápida e assertiva intervenção governamental.

Na sequência dos eventos ocorridos em “Harry Potter e a Ordem da Fénix”, Cornelius Fudge foi destituído do cargo, substituído por Rufus Scrimageour que, perante a incredulidade do Primeiro Ministro Muggle, lhe transmite algumas palavras de conforto, ao mesmo tempo que obriga a alguma contenção verbal.

Entretanto, no mundo das trevas, Snape é posto à prova por Narcissa Malfoy e – sobretudo – Bellatrix, que desconfiam da lealdade de Snape a Voldemort. Este, porém, promete a Narcissa proteger o seu filho Draco Malfoy, que tem em mãos uma missão muito arriscada ordenada pelo Senhor das Trevas. Será essa tarefa matar Harry Potter?

Em Hogwarts, Snape cumpre finalmente o seu sonho, tornando-se professor da disciplina de Defesa contra as artes negras. Quanto a Poções, a anterior disciplina de Snape, será leccionada por Horace Slughorn, um feiticeiro arrancado à reforma que aprecia o conforto e estar na presença de pessoas célebres e famosas.

Neste ano que promete ser de grande ansiedade perante o prenúncio da chegada de Voldemort, Dumbledore irá dar aulas particulares a Harry Potter, ao mesmo tempo que lhe faz uma exigência: ter sempre o manto de invisibilidade por perto.

Diagon-Al, o paraíso dos feiticeiros, já não é o que era. Apesar da loja de Fred e George continuar em alta, correm as notícias de lojas a fechar e de pessoas a desaparecer.

Quanto a Draco Malfoy, o eterno inimigo de Potter em Hogwarts – a par do Professor Snape – parece andar a comportar-se de maneira estranha, desligando-se do Quidditch, faltando a aulas e desaparecendo como que por magia, para grande desespero de Potter que tenta seguir os seus passos no seu mapa mágico. Malfoy parece ter perdido algum do seu vigor, com um ar adoentado permanente e umas assustadoras olheiras.

Convocado à última hora para a disciplina de Poções, Slughorne empresta a Potter um velho exemplar que contém anotações nas margens e novas dicas, que este vai seguindo para espanto de Slughorne que o considera o melhor aluno da turma – para grande desespero de Hermione. O livro está assinado pelo Príncipe Misterioso, cuja autoria será revelada nas páginas finais.

Em “Harry Potter e o Príncipe Misterioso” (Editorial Presença, 2014 – reedição), os níveis de tensão estão no ponto máximo. Prevendo a chegada de Voldemort, Dumbledore mostra a Potter – no Pensatório – recordações que visam que este conheça a história e o percurso de Voldemort, percebemdo a sua ascensão e, com isso, encontrar uma forma de o matar. O mergulho no passado de Voldemort é um dos maiores feitos de J. K. Rowling, que grava estesexto livros com letras doiradas.

Hogwrats, porém, começa a acusar alguma vulnerabilidade ao poder das trevas, e parece apenas uma questão de tempo até que Voldemort consiga quebrar as protecções erguidas por Dumbledore e atacar em força. Potter mostra a Dumbledore toda a sua desconfiança em relação aos planos de Malfoy e, sobretudo, à figura de Snape, mas a confiança de Dumbledore nesta figura é absolua, para desepero de Potter que vê nele a personificação do mal.

Se o anterior livro mostrava algum negrume, este poderia ter sido impresso integralmente em páginas negras,  tal não é o negrume que nele habita, reservando um trágico final para os leitores. É também o único livro que termina com a derrota -momentânea, espera-se – de Potter e amigos, lançando as bases para o livro final que, não há dúvidas disso, celebrará o confronto derradeiro entre Harry Potter e Voldemort, que dirão em uníssono a mesma frase retirada de”Highlander”: there can be only one.

Mas nem só de negrume se escrevem estas linhas: Harry descobre a sua grande paixão, em Hogwarts ensina-se a difícil arte de Aparecer – uma espécie de teletransporte – e Dumbledore pensa saber onde Voldemort terá escondido as sete partes da sua alma, pretendendo destruí-las de modo a tornar Voldemort num simples mortal antes do grande confronto com o seu pupilo Harry Potter. Um livro para os fãs da saga lerem com um maço de lenços por perto, já que as doses de tristeza chegam em largas travessas.

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Outros textos da série:

“Harry Potter e a pedra filosofal”

“Harry Potter e a câmara dos segredos”

“Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban”

“Harry Potter e o cálice de fogo”

“Harry Potter e a Ordem da Fénix”

(Todos os títulos da nova edição)