Depois de um primeiro ano em grande, onde enfrentou um Valdemort ainda sem corpo mas nem por isso menos letal, Harry Potter está de volta ao numero 4 de Privet Drive onde, apesar de continuar sem receber qualquer afecto, é agora alvo de algum respeito por parte dos Dursley que, desconhecendo as regras de Hogwarts, têm medo que Harry lhes lance algum estranho feitiço. Mesmo assim, Harry não deixou de estar condenado a umas férias miseráveis, tratado como um “cão malcheiroso” e vendo todos os seus livros e outros objectos ligados a Hogwarts serem fechados a sete chaves pelo tio Vernon.
Toda a família Dursley está em pulgas por causa de um jantar de negócios onde, o papel de Harry, é fazer de conta que não existe, limitando-se a ficar no seu quarto até que o evento termine. Quando sobe para o quarto – deixou de viver debaixo das escadas – em busca de uma noite sossegada, tem alguém à sua espera: Dobby, o elfo doméstico.
Recusando revelar a quem pertence, Dobby diz ter vindo de longe para deixar um aviso: Harry Potter não deve voltar para Hogwarts, caso contrário correrá perigo de vida. Tendo de se auto-castigar por estar a incorrer numa grande falta para com o seu senhor, Dobby começa a fazer uma barulheira infernal e, quando Harry diz que irá regressar mesmo estando em perigo, Dobby arranja forma de transformar o jantar de negócios numa autêntica feira, sendo Potter salvo no último instante por Ron, Fred, George e um velho automóvel azul-turquesa voador. Harry irá assim conhecer a casa de Ron e da família Weasley, conhecida como “A toca”, habitada pelo estranho e pelo inesperado: há um espelho falante, um vampiro que vive no sotão e, sobretudo, há a mãe de Ron, que acolhe Harry como se de um filho se tratasse.
Quando se dirigem à plataforma nove e três quartos para embarcar, Harry e Ron não conseguem atravessar a parede e, não querendo chegar atrasados, decidem levar emprestado o carro voador do pai de Ron. A viagem começa bem mas, ao chegarem a Hogwarts já num misto de frio e aborrecimento, não conseguem evitar o choque com uma árvore extremamente violenta, sofrendo uma repreenda de todo o tamanho antes da entrada no segundo ano, que tem, como sempre, início com a celebração de um faustoso banquete, onde os alunos do primeiro ano colocam o chapéu selecionador na cabeça –sempre com uma nova música preparada – e Dumbledore faz um discurso de boas-vindas.
Em “Harry Potter e a câmara dos segredos” (Editorial Presença, 2014), o segundo livro da saga escrita por J. K. Rowling, Harry Potter parece estar à beira de enlouquecer, sendo o único morador da Escola que ouve vozes vindas das paredes. Nos corredores de Hogwarts reina o pânico: os alunos aparecem transformados em pedra, há visitas de fantasmas tenebrosos, abundam as aranhas gigantes e, num certo dia, um misterioso aviso aparece escrito em letras brilhantes numa parede da escola: “A câmara dos segredos foi aberta. Inimigos do herdeiro, cuidado.”
Reza a lenda de que a câmara dos segredos foi criada em grande secretismo pelos Slytherin, abrindo-se apenas quando o verdadeiro herdeiro chegasse à escola, libertando assim o horror lá escondido que expurgaria da escola todos os impuros, ou seja, todos aqueles que não fossem feiticeiros de sangue puro.
Para além de ter construído neste livro um mistério de se lhe tirar o chapéu, J. K. Rowling aprimora pessoas e cenários apresentados no primeiro livro e junta-lhe algumas novidades: Lockart, o novo professor da amaldiçoada cadeira de Defesa contra as artes negras, adora dar autógrafos e gaba-se de ser um dos maiores feiticeiros do mundo; Murta Queixosa, o fantasma que assombra a casa de banho das raparigas situada no primeiro andar; a festa do dia dos mortos, organizada pelo fantasma Nick-quase-sem-cabeça.
Passando de herói a vilão, Harry Potter enfrentará neste livro um dos seus maiores desafios, a que se vai juntar a surpreendente revelação de quem abriu a câmara dos segredos 50 anos antes, lançando então o pânico pelos corredores e salas de Hogwarts. Estará Potter à altura?
Outros textos da série:
“Harry Potter e a pedra filosofal”
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