Postais há muitos, seu palerma!, apetece dizer depois de abrir esta caixinha mágica chamada “Divertimento com sinais ortográficos” (bruáa, 2015), que esconde 28 postais que podem ser apelidados de pequenas maravilhas, tanto gráficas como gramaticais.
Nascido e criado na recomendada revista Almanaque, este Divertimento surgiu a partir da “caixinha de tesouros” do designer Sebastião Rodrigues, no momento em que Alexandre O’Neill se apropriou do silêncio embaraçado daqueles elementos tipográficos para lhes dar uma voz.
O resultado surgiu em 1960 no livro “Abandono vigiado”, no qual O’Neill que lhe dedicou uma simpática dedicatória: “A Sebastião Rodrigues, que se divertiu a apurar graficamente este Divertimento. Ao compositor e aos seus impressores que colaboraram neste livro.”
Chegados a 2015, a bruáa decidiu reunir estas 28 maravilhas numa discreta mas muito estilosa caixa cinzenta, que dá vida e imortaliza, com muito humor e poesia, os sinais ortográficos que usamos no dia-a-dia. Querem uma pequena mostra? Vejam só o que se escreve, por exemplo, para os parêntesis: “Quem nos dera bem juntos sem grandes apartes metidos entre nós!“; ou para a simpática e muito utilizada vírgula: “Quando estou maldisposta (e estou-o muitas vezes…) mudo o sentido às frases, complico tudo…“; ou, ainda, sobre o muito respeitável acento circunflexo: “Dou guarida e afecto a vogal que procure um tecto.” Um verdadeiro festim literário (e com a pontuação toda no sítio).
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