Há histórias que todos sabemos de cor, há gerações e gerações. No entanto, baralhando e voltando a dar, mesmo a mais repetidas das fábulas pode transformar-se num momento de imaginação.
“Baralhando histórias” (Kalandraka, 2015 – reimpressão) é um exercício de humor e um crescendo de entusiasmo que junta, numa mesma voz, quem conta a história e quem a corrige… ou a reconta. Um avô pára, por momentos, a leitura do jornal para contar à neta a velhinha história do Capuchinho Vermelho. É assim que o capuchinho de vermelho passa a verde, a amarelo ou até a preto, cruzando-se na floresta com uma girafa em vez de um lobo, enquanto caminha para casa da tia que, afinal, é a avó.
No desfile de enganos do avô percebemos que eles não são motivados por falhas de memória ou desconhecimento. Na realidade, o avô prende por completo a atenção da neta, obrigando-a a corrigir-lhe a trama pormenor a pormenor, participando activamente na brincadeira.
Contar este Capuchinho Vermelho baralhado é sentir, pertinho, a vibração do público que, em alerta máximo, começa por estranhar as novas cores ou aventuras da narrativa para, página a página, agarrar o percurso e gritar a plenos pulmões o desfecho correcto.
O italiano Gianni Rodari é autor de uma vasta obra literária, com especial enfoque em novas versões da literatura tradicional. Político, jornalista, pedagogo e escritor, Rodari tem conhecido o sucesso com várias obras-primas, tal como “O que é preciso?”, editado em Portugal pela Kalandraka.
As ilustrações deste “Baralhando histórias” são de Alessandro Sanna e reúnem, em si próprias, grande parte do sucesso do livro. Minimalistas e divertidas as ilustrações de Sanna falam para o texto, falam do texto e falam para além do texto.
Uma edição de capa dura, recomendada para os leitores com mais de 5 anos de idade, capaz de fomentar a participação do leitor na narração da história, estimulando a criatividade de avós e netos, de pais e filhos, de contadores e ouvintes, de adultos e crianças.
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