«Nunca quebres as regras. Sobretudo se não compreendes.» É esta a máxima revelada por Shaun Tan que, em “As regras do verão” (Kalandraka, 2014), nos conta a história de dois rapazes e de todas as normas e regras que atravessam as suas brincadeiras e jogos durante a estação mais quente do ano.
Shaun Tan, licenciado em Belas-Artes e em Literatura inglesa pela Universidade de Western da Austrália, trabalha actualmente como artista e autor em modo freelance na cidade de Melbourne. Participa igualmente em projectos de cenografia, arte conceptual e cinema de animação, tendo a sua paixão pela ilustração começado na infância, prolongando-se depois pela adolescência com os primeiros livros a abraçarem o género fantástico. Género que, neste “As regras do verão”, está presente de corpo inteiro, paredes-meias com o surrealismo.
Em 20 fascinantes quadros Tan apresenta-nos um mundo feito de regras, impostas como convenções aos mais pequenos – muitas delas estendendo-se depois à idade adulta -, que fazem com que olhemos o mundo como um lugar onde para alcançar a felicidade é necessário obedecer, mesmo que na maior parte das vezes as lições de vida que daí advenham pareçam pura parvoíce ou simples crendice popular. Tais como nunca deixar uma meia vermelha pendurada na corda da roupa, nunca comer a última azeitona numa festa ou nunca perguntar porquê.
As ilustrações de Shaun Tan são de cortar a respiração – livro recomendado a partir dos 8 anos – e, nelas, navegamos entre o medo dos monstros e a beleza de um céu estrelado, a chegada de um tsunami e um desfile carnivalesco, entrando num negro submarino que nos irá levar, depois de uma grande e perigosa caminhada, de regresso a casa. Afinal de contas, que seria do mundo – e de nós próprios – se não esquecessemos umas regras de tempos a tempos em nome do imaginário? Uma aventura visual extraordinária.
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