Longe vão os tempos em que, com apenas 12 anos e ¾, as grandes preocupações de Adrian Mole iam para o número absurdo de borbulhas que lhe povoavam o rosto, ao mesmo tempo que tentava resgatar Pandora, a sua eterna paixão, do platonismo para a vida activa.
Agora, com 30 anos e ½, a vida não está definitivamente a correr bem a Mole: divorciado e com um filho, Mole trabalha num restaurante londrino que tem sido apontado pela imprensa entre o elogio e o logro, ao mesmo tempo que vê esfumar-se sonho de se transformar no novo messias literário da Grã-Bretanha.
“Os anos do cappuccino” (Editorial Presença, 2014), o quinto livro da saga escrita por Sue Townsend, começa desde logo com uma previsão que nos situa temporalmente neste diário: «Depois de amanhã, dia 2 de Maio, ao romper da aurora, prevejo que o Partido Trabalhista ganhará à justa e formará o próximo governo.»
Pandora, a devassa mulher por quem Mole mantém uma paixão em lume brando, é agora candidata pelo Partido Trabalhista, exibindo para todos verem a bandeira dos valores familiares – além de umas curvas que se mantêm ao nível de um rally montanhoso.
O pai de Mole vive destroçado, juntando o desemprego a uma estado de impotência que, ainda por cima, chegou acompanhado de hemorróidas. Já a mãe continua igual a si própria, acumulando agora também o papel de avó, tomando conta de William – o filho de Mole com cerca de 3 anos – enquanto o pai se vai entretendo com a vida de cozinheiro.
Quanto a Mole tudo lhe parece correr mal, desiludido com a vida profissional, familiar e amorosa. Porém, no dia em que o carteiro lhe traz uma carta com o carimbo do passado, a sua vida irá tornar-se o centro de uma pequena epifania.
Neste quinto livro, Mole terá os seus quinze minutos de fama como apresentador de um programa culinário, viverá um caso com uma super-estrela, regressará a casa da mãe – pagando o aluguer do quarto – e lerá tudo sobre o caso da Princesa Diana com Dodi Fayede, antes de uma tragédia pôr termo a qualquer ideia de romance. Passam também por estas páginas a morte de Michael Hutchence, dos INXS, além do momento garganta funda protagonizado por Clinton e Lewinsky. Divertimento garantido.
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